Vol. 3 Núm. 4 (2009): Humor: o riso, a ironia e a controvérsia no arquivo da cultura judaica
Apresentação
Lyslei Nascimento (Universidade Federal de Minas Gerais)
A Torah e o Talmude são apontados por vários estudiosos como uma das fontes mais importantes do humor judaico. Enquanto esses textos religiosos intentavam corrigir o vício e a insensatez, usando para isso a ironia, o sarcasmo e o jogo de palavras, o humor que tem sua origem na Europa nasce num contexto de perseguições aos judeus. Também fazem parte desse contexto adverso as imigrações forçadas pelas péssimas condições de vida e por embates culturais que, mais do que marcar as diferenças, apontam para a condição única do ser humano com seus reveses e alegrias. Surge, assim, na Europa judaica, um humor cheio de leveza, ingenuidade e ternura, com forte pendor democrático e social, que vai aportar, com os imigrantes, nas Américas. O Chassidismo, a Cabala iluminam, com este traço, a literatura e as artes: um humor que produz autorreflexão, diálogo e debate, não só com a própria tradição, mas com a cultura e a tradição alheias. Este número da Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG objetiva, através deste dossiê, a partir de olhares contemporâneos, contribuir para uma reflexão para o nosso tempo, sobre essa capacidade de rir de si mesmo, sobrepujando, pela leveza, as agruras e as adversidades.
Dedicatória
Nancy Rozenchan nasceu em São Paulo. Graduou-se em Letras: Línguas Orientais (Hebraico) pela Universidade de São Paulo; obteve os títulos de Mestre e Doutora em Letras: Teoria Literária e Literatura Comparada, também pela USP. Em 1990 conclui o Pós-Doutorado na USP e, em 1995, realizou seu segundo Pós-Doutorado pela Universidade da Califórnia. Tornou-se, nesse mesmo ano, Livre Docente pela USP, onde atua como Professora Colaboradora. Orientadora de Mestrado e Doutorado; Membro do corpo editorial de periódicos importantes, desenvolve pesquisas na área de Literatura Hebraica, Feminina e Israelense. Ensaísta, publicou inúmeros artigos e, como tradutora, verteu para a língua portuguesa obras fundamentais da literatura israelense e mundial como Ver: amor, de David Grossman; A mulher de Jerusalém, de A. B. Yehoshua; Os desaparecidos, de Daniel Mendelsohn; A trombeta envergonhada, de Haim Nahman; Passado contínuo, de Yaakov Shbtai; O monstro na escuridão, de Uri Orlev; Conhecer uma mulher e A caixa-preta, de Amós Oz; Adam, filho de cão, de Yoham Kaniuk, entre outros.