v. 4 n. 6 (2010): Arquivos Israel: literatura, arte, cinema

Detalhe de "Terra", de Vlad Eugen Poenaru.
Apresentação

Lyslei Nascimento (Universidade Federal de Minas Gerais)

"Belo como um leão ao meio-dia". Em vários poemas, contos e conferências, Jorge Luís Borges reitera sua admiração ao Estado israelense. No célebre poema "Israel, 1969", vaticina o destino heróico do novo cidadão judeu em plena Guerra dos Seis Dias: "Serás um israelense, serás um soldado. Edificarás a pátria com lodaçais e a erguerás com desertos. Trabalhará contigo teu irmão, cujo rosto não viste nunca. Uma única coisa te prometemos: teu posto na batalha." Após 60 anos da Independência de Israel, o país inspira escritores e artistas de todo o mundo. Forjada sobre uma antiga tradição, a nação floresce em meio a intrincadas e complexas relações políticas e religiosas. As transformações rápidas e intensas podem ser demarcadas, em um primeiro momento, no período pioneiro, na guerra da independência; depois, na construção do Estado, nas guerras e na imigração. Novos desafios são gerados e superados a partir dessas circunstâncias que provocam uma inquietação constante, fermentando um farto e rico material para a produção literária, artística e cinematográfica. A poesia e a prosa de Israel ou sobre Israel nutrem-se de temas e imagens que vão da Bíblia a outras fontes da tradição judaica como o Talmud, passando pelo legado e da contribuição dos judeus da diáspora, asquenazitas e sefarditas, bem como pela linguagem e ritmo coloquiais, do dia a dia do Israel atual. As artes israelenses, desde o início do século 20, demonstram uma orientação criativa e multicultural, influenciada pelo encontro entre o oriente e o ocidente. A terra e seu desenvolvimento, suas cidades antigas e modernas e tendências estilísticas oriundas dos centros artísticos fora de Israel mesclam-se num mosaico de culturas judaicas e nacionais – seus cidadãos nativos ou oriundos de um sem número de países, falam um sem número de línguas, do hebraico ao alemão, do português ao chinês, do árabe ao iídiche. A paisagem, tanto geográfica quanto culturalmente diversificada e multiétnica do país, exibe-se na pintura, na escultura, na fotografia. O cinema israelense passou por grandes transformações desde os seus primórdios, nos anos 1950. As primeiras películas produzidas e dirigidas por israelenses possuem uma tendência ao heróico, que também marcou a literatura da época. Hoje, os filmes procuram retratar a vida cotidiana em Israel; o destino dos sobreviventes do Holocausto e de seus filhos; as dificuldades dos novos imigrantes; e o conflito árabe-israelense. O sexto número da Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG não se deterá, apenas, à formação de Israel e suas batalhas, entre os lodaçais e os desertos, mas pretende, também, abordar questões contemporâneas nos principais campos de batalha da atualidade: na literatura, na arte e no cinema.

Dedicatória

Helena Lewin nasceu no Rio de Janeiro. é socióloga, com graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1981). Atualmente é Professora Colaboradora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Mulher e da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro. Responsável pelo Programa de Estudos Judaicos da UERJ, organizou e liderou várias edições do Encontro Brasileiro de Estudos Judaicos, no Rio de Janeiro. Organizou e publicou inúmeros livros, artigos e ensaios no Brasil e no exterior. Entre eles: Judaísmo: memória e identidade; Judaísmo e modernidade: suas múltiplas inter-relações; Identidade e cidadania: como se expressa o judaísmo brasileiro.

Publicado: 2010-03-30

Apresentação

Arte

  • Hebron 2, Cidadela dos Patriarcas

    Simon Sister
    1
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.1
  • Hebron 1, Aldeia no deserto de Judá

    Simon Sister
    2
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.2
  • Terra

    Vlad Eugen Poenaru
    3
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.3

Artigo-Dossiê

  • O fluxo imaginário da memória: a animação como arte de conjurar/construir o passado israelense

    Alcebíades Diniz Miguel
    4-12
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.4-12
  • Retratos da tolerância/intolerância na arte de Israel

    Ana Szpiczkowski
    13-20
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.13-20
  • O Sr. Máni, de A. B. Yehoshua: Ma ani? Mi ani?

    Berta Waldman
    21-26
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.21-26
  • Holocausto: outros lugares de resistência

    Cristiano Guedes Pinheiro
    27-42
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.27-42
  • Indicios ficcionales para un testimonio singular: Shoah o la búsqueda de un relato histórico indecible

    Fernando Andacht
    43-58
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.43-58
  • José Lins do Rego: um guia brasileiro de Israel

    Glauber Pereira Quintão
    59-66
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.59-66
  • O sefaradita de Amós Oz em A caixa preta

    Gabriel Steinberg
    67-74
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.67-74
  • Deus sobre as pedras: Guilherme Figueiredo em Israel

    Filipe Amaral Rocha de Meneses
    75-79
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.75-79
  • Erico Verissimo: um “pintor” brasileiro de Israel

    Luciara Lourdes Silva de Assis
    80-84
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.80-84
  • Guerra e Paz, por David Grossman

    Luis Sérgio Krausz
    85-90
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.85-90
  • Representação do marroquino na literatura hebraica contemporânea

    Nancy Rozenchan
    91-97
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.91-97
  • Arte israelense

    Raphael Singer
    98-107
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.98-107
  • Estabilidade e crise na história judaica: uma reflexão em torno da teoria de B. Z. Dinur

    Reuven Faingold
    108-115
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.108-115

Conto

  • Monumento No. 40

    Hadasa Cytrynowicz
    116
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.116

Entrevista

  • Judaísmo, ética e tolerância

    Sofia Debora Levy
    117-139
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.117-139

Poema

  • Kabalat Shabat em Nahalat Zion (Jerusalém)

    Tilah Amarante Cohen
    140
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.140
  • Oz

    Tilah Amarante Cohen
    141
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.141

Resenha

  • Alguém para correr comigo, de David Grossman

    Julio Daio Borges
    142-143
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.142-143
  • Desvario: a depravação nossa de cada dia

    Luis Sérgio Krausz
    144-145
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.144-145
  • Notas sobre uma introdução

    Márcio César Pereira
    146-147
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.146-147
  • Mais doce que o mel, mais forte que um leão

    Marcos Fábio Cardoso de Faria
    148-149
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.148-149
  • Duelo, uma história de enigmas e ladrões

    Mariângela de Andrade Paraizo
    150-151
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.150-151
  • Para viver numa região conflagrada

    Moacyr Scliar
    152-152
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.152-152
  • As mil e uma vozes de Ver: amor, de David Grossman

    Vívien Gonzaga e Silva
    153-157
    DOI: https://doi.org/10.17851/1982-3053.4.6.153-157