Gesto Musical e Transcendência em Nigun de Bloch

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.33956

Palavras-chave:

Ernest Bloch, Nigun, Performance, Devekut, Gesto musical

Resumo

Ernest Bloch compôs em 1923 a obra “Baal Shem: Three Pictures of Chassidic Life”, constituída por três movimentos representativos do imaginário hassídico, respetivamente “Vidui”, “Nigun” e “Simchas Torah”. O segundo movimento tornou-se uma peça amplamente conhecida e incorporada ao repertório de violinistas. Bloch associa o nigun, interpretado pela voz humana, ao violino, colocando-o no lugar do Cantor ou Rabino. O violino incorpora o personagem orante que caracteriza o nigun, inclusive no gestual, utilizando a música como um veículo da materialidade para a transcendência (devekut). Através da análise expressiva, o presente ensaio pretende evidenciar as similaridades entre a composição “Nigun” e o género musical homónimo, ressaltando o gesto musical e a liberdade interpretativa, e despertar algumas reflexões sobre o tema, sem a pretensão de apresentar respostas definitivas ou conclusivas.

Biografia do Autor

  • Edison Valério Verbisck, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    Doutorando em Música e Musicologia na Universidade de Évora, desenvolve a tese “O violino como protagonista da estética musical do compositor Ernest Bloch” (título provisório). Possui Mestrado em Música, ramo Interpretação (Violino) pela Universidade de Évora (2012). Atuou como violinista em orquestras em Portugal e no Brasil, tais como Orquestra do Algarve, Orquestra Sinfônica Juvenil, Orquestra Clássica da Academia (Portugal), Orquestra de Câmara do Pantanal, Orquestra Clássica de Mato Grosso do Sul e Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande (Brasil). Trabalhou como professor de violino no Conservatório de Portimão, Centro de Artes de Sines, Academia de Música de Lagos (Portugal). Atualmente, é professor assistente na área de violino, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

  • Eduardo Lopes, Universidade de Évora

    Efetuou estudos de bateria jazz e percussão clássica no Conservatório Superior de Roterdão (Holanda). É Licenciado pela Berklee College of Music (EUA) em Performance e Composição com a mais alta distinção (Summa Cum Laude). É Doutorado em Teoria da Música pela Universidade de Southampton (Reino Unido), sob orientação de Nicholas Cook. Em 2015 prestou provas de Agregação em Música e Musicologia na Universidade de Évora, tendo sido aprovado por unanimidade. Ao longo da sua carreira recebeu vários prémios e bolsas de estudo nacionais e internacionais. Atua regularmente com os mais relevantes músicos portugueses e artistas internacionais de renome, tais como: Mike Mainieri (Steps Ahead); Dave Samuels (Spyro Gyra); Myra Melford; Susan Muscarella; Kevin Robb, Phil Wilson; e Bruce Saunders. Gravou vários CDs, alguns dos quais como artísta principal.  Apresentou-se em concertos em Portugal, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Escócia, Brasil, Japão e EUA. É Artista Yamaha (Europa), e endorser das marcas de instrumentos Zildjian e Remo. É autor de vários artigos e textos sobre a problemática da interpretação musical, teoria da música e ritmo, jazz e ensino de música. Lecionou na Universidade de Southampton no Reino Unido e na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo em Portugal. De 2012 a 2016 foi diretor do Departamento de Música da Universidade de Évora. No ano letivo de 2016-2017 foi Professor Titular Visitante na Escola de Música e Artes Cénicas da Universidade Federal de Goiás, Brasil. Ao momento é Professor Associado com Agregação no Departamento de Música da Universidade de Évora; Diretor do Doutoramento em Música e Musicologia da UÉ; Coordenador do Pólo do CESEM na UÉ; e editor da revista brasileira de musicologia HODIE.

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Publicado

2021-07-04

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Gesto Musical E Transcendência Em Nigun De Bloch ”. 2021. Per Musi, nº 41 (julho): 1-15. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.33956.