Ansiedade na performance musical

uma reflexão sobre o uso de estratégias de gerenciamento a partir de uma perspectiva da Psicologia do Esporte

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37467

Palavras-chave:

Psicologia do esporte, Ansiedade na performance, Performance musical

Resumo

As experiências emocionais, entre as quais se encontra a ansiedade, são constituídas por componentes fisiológicos e comportamentais (Valentine 2002). Em quantidades controláveis, a ansiedade pode incitar o indivíduo a responder de forma positiva a um estímulo, contudo, somente o faz até o ponto em que o organismo atinge um nível máximo de tolerância; ultrapassado esse ponto, a capacidade de manejo e adaptação pode diminuir, o que, em um contexto de performance musical, pode ser prejudicial. A partir da revisão de conceitos da Ansiedade na Performance desenvolvidos por autores da área (Valentine 2002; Kenny 2011; Papageorgi 2007), apontamos a necessidade de uma abordagem específica no que concerne estratégias de manejo, bem como direcionamento para a devida utilização destas a partir de uma perspectiva da Psicologia do Esporte.

Biografia do Autor

  • Aline Parreiras Gonçalves, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutoranda em Performance Musical – Flauta – na Universidade Federal de Minas Gerais e possui os títulos de mestre e bacharel em flauta pela mesma instituição. Sua pesquisa investiga a aplicação de ferramentas da Psicologia do Esporte no tratamento dos sintomas da Ansiedade de Performance Musical. Durante seus estudos flautísticos, residiu um ano em Freiburg-Alemanha no ano de 2012, sendo instruída pelos professores Félix Renggli e Natasa Maric. Posteriormente, se mudou para Paris-França, onde estudou por um ano na École Normale Superieur de Musique com o renomado professor M. Pierre-Yves Artaud. Sua atuação como flautista conta com participações como primeira flauta na Orquestra Sinfônica de Betim, na Banda Sinfônica da UFMG- Projeto PRONATEC, grupo Sonante 21 entre outros projetos camerísticos. Atualmente, mantém um duo de flauta piano com o pianista Fernando Brito, além de ser produtora e flautista da Orquestra Multiplayer.

  • Fernanda Torchia Zanon, Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte - Universidade Federal do Ceará

    Possui Doutorado em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (bolsista CAPES de agosto de 2017a fevereiro de 2018), sob orientação da Dra. Patricia Furst Santiago. Cursou o Mestrado em Performance Musical na Universidade de Aveiro (Portugal), desenvolvendo pesquisa na área da Música e Medicina, sob orientação da Dra. Helena Marinho e coorientação da Dra. Daniela Coimbra. Graduou-se em piano pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011) na classe da Dra. Celina Szrvinsk. Licenciou-se em Música pela mesma instituição (2013), tendo como orientadora de sua Monografia a Dra. Patricia Furst Santiago. Atua como pianista e camerista e integra o Grupo Quinto, grupo de pianistas que realiza performances interativas. Interessa-se por pesquisas nas áreas da educação musical, performance musical, pesquisa artística e música e medicina.

Referências

Adegbesan, Joseph A. 2009. “On the origins of competitive advantage: Strategic factor markets and meterogeneous resource complementarity.” The Academy of Management Review, 34(3), 463–475.

Aftanas, Lyubomir I. and Golocheikine, Seymon A. 2001. “Human anterior and frontal midline theta and lower alpha reflect emotionally positive state and internalized attention: High-resolution EEG investigation of meditation.” Neuroscience Letters, 310, 57-60.

American Psychiatric Association. 2013. “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.” Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association.

Clark, David A. e Beck, Aaron T. 2012. “Terapia Cognitiva para Trastornos de Ansiedad.” Bilbao: Desclée de Brower.

Cohen, Susanna and Bodner, Ehud. 2018. “Music performance skills: A two-pronged approach – facilitating optimal music performance and reducing music performance anxiety”. Psychology of Music, v. 47, n. 4, p. 521-538, Apr.

Cox, Wendy and Justin, Kenardy. 1993. “Performance anxiety, social phobia, and setting effects in instrumental music students”. Journal of Anxiety Disorder, v.7, p.49–60.

Feltz, Hodges, Deborah L and Landers, Daniel M. 1983. “The effects of mental practice on motor skills.”

Figueiredo, Edson. 2014. “Controle ou promoção de autonomia? Questões sobre o estilo motivacional do professor e o ensino de instrumento musical.” Revista da ABEM, v. 22, n. 32, p. 77-89, jun.

Gonçalves, Aline P. 2017. “Ansiedade De Performance Musical: Estratégias de enfrentamento a partir da Psicologia do Esporte”. Belo Horizonte. UFMG.

Green, Barry and Gallwey, Timothy. 1986. Preface to “The inner game of music”. New York: Doubleday & Company.

Hardy, Lew and Parfitt, Gaynor. 1991. “A catastrophe model of anxiety and performance.” British Journal of Psychology, 82, 163-178.

Jacobson, Edmund. 1930. “Electrophysiology of mental activities.” American Journal of Physiology, 94.

Jarow, Joseph. 1980. “The Time-Relations of Mental Phenomena.” New York: N.D.C.

Kemenade, Johannes F. L. M., van Son, Maarten. J. M. and van Heesch, Nicolette C. A. 1995. “Performance anxiety among professional musicians in symphonic orchestras: A self-report study.” Psychological Reports, 77, 555-562.

Kenny, Dianna T. 2011. “The Psychology of Music Performance Anxiety.” Oxford: Oxford University Press.

Kenny, Dianna. 2016. “Music performance anxiety: Theory, assessment and treatment. “ Saarbrücken: Lap Lambert Academic Publishing.

Lassen, Niels A., Ingvar, David H. and Skinhoj, Erik. 1978. “Brain Function and Blood Flow”. Scientific American, 239, 62-71

Leahy, Robert L. 2011. “Livre de Ansiedade.” Porto Alegre: Artmed.

Lehmann, Andreas, Sloboda, Jonh and Woody, Robert. 2007. “Psychology for Musicians: understanding and acquiring the skills.” New York: Oxford Press.

Lehrer, Paul. M. 1987. “A review of the approaches to the management of tension and stage fright in music performance.” Journal of Research in Music Education, 35, 143-53.

Locke, Edwin A. and Latham, Gary F. P. 1985. “The application of goal setting to sports.” Journal of Sport Psychology. Oxford, v. 7, n. 3, p. 205-222.

Magill, Richard A. 1998. “A Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações.” São Paulo: Edgar Blücher.

Marangoni, Heitor M e Freire, Ricardo J. D. 2015. “Prática mental em música: possibilidades de investigação na área de cognição musical.” In: XI Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais, Pirenópolis. Anais do XI Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais. Curitiba- PR: Associação Brasileira de Cognição Musical, 2015. v. 1. p. 140-149.

Menezes, Carolina Baptista e Dell'aglio, Débora D. 2009. “Os Efeitos da Meditação à Luz da Investigação Científica em Psicologia: Revisão de Literatura (Meditation Effects on Scientific Research in Psychology: Literature Review).” Psicologia: Ciência e Profissão, v. 29, p. 276-289.

Mento, Anthony J., Steel, Robert P. and Karren, Ronald J. 1987. “A meta-analytic study of the effects of goal setting on task performance.” Organizational Behavior and Human Decision Processes, 39, p. 52-83.

Meyers, Andrew, W. Whelan, James P and Murphy, Shane M. 1996. “Cognitive Behavioral Strategies in Atlhetic Performance Enhancement.” Progress in Behavior Modification, 30, p. 137-164.

Ming, Siri and Martin, Gary L. 1996. “Single-subject evaluation of Self-talk package for improve figure skating performance.” The Sport Psychologist, 10, p. 227-238.

Papageorgi, Ioulia, Hallam, Susan and Welch, Graham F. 2007. “A conceptual framework for understanding musical performance anxiety.” Research Studies in Music Education, v. 28, n. 1.

Patston, Tim and Osborne, Margaret S. 2016. “The developmental features of music performance anxiety and perfectionism in school age music students.” Performance Enhancement and Health, v. 4, n. 1-2, p. 42-49

Rocha, Sérgio F. 2010. “Ansiedade na performance Musical: estudo molecular de associação e validação da escala de K‐MPAI”. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Roland, David. 1994a. “The development and evaluation of a modified congnitive-behaviroal treatment for musical performance anxiety.” University of Wollongong, Australia.

Ross, Stewart L. 1985. “The Effectiveness of mental practice in improving the performance of college trobonists.” Journal of Research in Music Education, 33, nº4, p. 221-230.

Rushall, Brent S and Shewchuk, Maureen L. 1989. “Effects of thought content instructions on swimming performance.” Journal of Sports, Medicine, and Physical Fitness, 29, 326–334.

Salmon, Paul G. 1990. “A Psychological Perspective on Musical Performance Anxiety: a review of the literature.” Medical Problems of Performing Artists, v. 5, n. 1, p. 2-11.

Sapienza, Valéria. 2006. “O que faz o psicólogo do esporte?” Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20, p.165-67.

Scala, Cristiana T. 2000. “Proposta de intervenção em psicologia do esporte.” Rev. bras. ter. comport. cogn. [online] vol.2, n.1, pp. 53-59.

Shao, Ruodan and Skarlicki, Daniel P. 2009. “The role of Mindfulness in predicting individual performance.” Canadian Journal of Behavioural Science, v. 41, n. 4, p. 195-201.

Silva, Lucas V.L., Santos Filho, Wilson G. e Pinto, Adriele V.L. 2010. “Objetivos e contribuições da psicologia ao esporte de alto rendimento.” Revista de Psicologia, vol.1, no.11, p.15-24.

Sinico, André e Winter, Leonardo. 2012. “Ansiedade na Performance Musical: definições, causas, sintomas, estratégias e tratamentos”. Revista do Conservatório de Música da UFPel. Pelotas, No. 5, 2012 p.36 a 64.

Steptoe, Andrew. 1983. “The relationship between tension and the quality of musical performance.” Journal of the International Society for the Study of Tension in Performance. v. 1, p.12–22.

Ugrinowitsch, Hebert e Dantas, Luiz E. T. B. P. 2002. “Efeito do estabelecimento de metas na aprendizagem do arremesso do basquetebol.” Revista Portuguesa de Ciência do Desporto, Porto, v. 2, n. 5, p. 58-63, 2002.

Ugrinowitsch, Herbert. 1999. “Pesquisa de síntese em Biodinâmica do movimento.” In: Anais do II Simpósio de Pós Graduação da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade São Paulo. São Paulo: USP, 68.

Valentine, Elizabeth. 2002. “The fear of performance.” In: RINK, J. (ed.). Musical Performance: a guide to understanding. Cambridge: Cambridge University Press. p. 168- 182.

Weinberg, Robert S e Gould, Daniel. 2017. “Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício.” 6. ed. Porto Alegre: ArtMed.

Weinberg, Robert S, Smith, Jerome Carson, Jackson, Allen W and Gould, Daniel .1984. “Effect of association, dissociation and positive self-talk strategies on endurance performance.” Canadian Journal of Applied Sport Sciences, 12, 25–32.

Wesner, Robert B., Noyes, Russell and Davies, Thomas. L. 1990. “The occurrence of performance anxiety among musicians.” Journal of Affective Disorders, v. 18, p.177‐185.

Wilkinson, Michael O., Landers, Daniel M. and Daniels, Frederick S. 1981. “Breathing atterns and their influence in Rifle Shooting.” American Marksman, 6, p.8-9.

Williams, J. Mark G and Kabat-Zinn, Jon. 2013. “Mindfulness: Diverse Perspectives on its Meaning, Origins and Applications.” New York: Taylor & Francis.

Wilson, Glenn D. and Roland, David. 2002. “Performance Anxiety.” In: The Science and Psychology of Music performance: Creative Strategies for Teaching and Learning. ed. por R. Parncutt & G.E. McPherson, Oxford: Oxford University Press.

Zamignani, Denis R. e Banaco, Roberto A. 2005. “Um Panorama Analítico-Comportamental sobre os Transtornos de Ansiedade.” Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. 2005, Vol. VII, nº 1, 077-092.

Zanon, Fernanda T. 2017. “Mindfulness como ferramenta para lidar com a ansiedade na performance musical.” In: Colóquio De Pesquisa Em Música Da Ufop: Ensino-Aprendizagem, Memórias e Linguagens, 1., 2017, Ouro Preto. Anais [...]. Ouro Preto: UFOP.

Zanon, Fernanda T. 2019. “Ansiedade na Performance Musical: uma intervenção pedagógica no contexto dos cursos de Graduação da Escola de Música da UFMG.” Belo Horizonte: UFMG.

Publicado

2022-11-25

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Ansiedade Na Performance Musical: Uma reflexão Sobre O Uso De estratégias De Gerenciamento a Partir De Uma Perspectiva Da Psicologia Do Esporte”. 2022. Per Musi, nº 42 (novembro): 1-19. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37467.