A memória e o valor da síncope
da diferença do que ensinam os antigos e os modernos
Palavras-chave:
Síncope, Análise musical, Teoria e crítica da música popularResumo
A síncope é um tema privilegiado nos estudos da música popular que reaparece aqui em um conjunto de considerações que, marcado pelo viés dos saberes das velhas disciplinas de Contraponto e Harmonia, sublinham a interação e, principalmente, a inseparabilidade entre métrica (divisão, ritmo, acentuação, prosódia, etc.) e altura (notas, intervalos, relação dissonância-consonância, acordes, notas auxiliares, etc.) na apreciação crítica das figurações sincopadas. Na primeira parte percorre-se uma mínima memória da arte e da teoria da síncope na tradição ocidental culta para, na segunda parte, observar-se que, em medida tácita e sutil, resíduos dessa tradição afetam juízos de valor em alguns dos sincopados cenários da música popular atual.
Referências
ABBAGNANo, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
ABDOUNUR, Oscar João. Matemática e música. São Paulo: Escrituras, 1999.
ADORNO, Theodor. Filosofia da nova música. São Paulo: Perspectiva, 2004.
ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. 4ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006.
ARISTÓTELES. Retórica. Portugal: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1998.
BARBERO, Jesús Martin. Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
BARTEL, Dietrich. Musica Poetica: musical-rhetorical figures em german baroque music. Lincoln: University of Nebraska Press, 1997.
BENÉVOLO, Caio. A polêmica Forkel-Rousseau. Debates – Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música do Centro de Letras e Artes da UNIRIO, Rio de Janeiro, CLA/UNIRIo, n. 7, p.57-97, 2004.
BENJAMIN, Thomas. Counterpoint in the style of J. S. Bach. New York: Schirmer Books, 1986.
BENJAMIN, Thomas. The craft of modal counterpoint: a practical approach. New York: Schirmer Books, 1979.
BERRY, Wallace. Metric and rhythmic articulation in music. Music Theory Spectrum, v. 7, Time and Rhythm in Music, Spring, 1985. p.7-33.
BESSA, virgínia de Almeida. “Um bocadinho de cada coisa”: trajetória e obra de Pixinguinha. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, 2005. (Dissertação de Mestrado em História).
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez e latin. Coimbra, 1712 – 1728. Disponível em: <http://www.ieb.usp.br/online/>. Acesso em: 01 ago. 2008.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
BRENET, Michel. Diccionario de la música. Barcelona: Editorial Ibéria, 1962.
CANÇADO, Tânia Mara Lopes. o “fator atrasado” na música brasileira: evolução, características e interpretação. Per Musi. Belo Horizonte, v.2, 2000. p.5-14.
CARVALHO, Any Raquel. Contraponto modal. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzatto; Novak Multimedia, 2000.
CAVALCANTI, Alberto Roseiro. Música popular: janela espelho entre o Brasil e o mundo. Programa de Pós- Graduação em Sociologia da Universidade de Brasília, UNB, 2007. (Tese de Doutorado).
COOPER, Grosvenor e MEYER, Leonard B. Estructura rítmica de la música. Barcelona: Idea Books, 2000.
DAHLHAUS, Carl. La idea de la música absoluta. Barcelona: Idea Books, 1999.
DAHLHAUS, Carl. Studies in the origin of harmonic tonality. oxford: Princeton University Press, 1990.
DEBUSSY, Claude. Monsieur Croche e outros ensaios sobre música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
DESCARTES, René. Compendio de música. Madrid: Editorial Tecnos, 1992.
FAGERLANDE, Marcelo. O Baixo Contínuo no Brasil: a contribuição dos tratados em língua portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIo, 2002. (Tese de Doutorado em Música).
FORNER, Johannes; WILBRANDT, Jurgen. Contrapunto creativo. Barcelona: Labor, 1993.
FORTE, Allen e GILBERT, Steven E. Introducción al análisis Schenkeriano. Barcelona: Idea Books, 2003.
FUX, Johann Joseph. The study of counterpoint. New York: Norton, 1971.
GAINES, James R. Uma noite no palácio da razão. Rio de Janeiro: Record, 2007.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2003.
GROUT, Donald J. e PALISCA, Claude v. História da música ocidental. Lisboa: Gradiva, 1994.
HARNONCOURT, Nikolaus. O diálogo musical: Monteverdi, Bach e Mozart. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
HOUAISS. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. versão 1.0: Editora objetiva, 2001. CD-RoM.
HUANG, Cheng Zhi Anna e CHEW, Elaine. Palestrina Pal: a grammar checker for music compositions in the style of Palestrina. In: CoNFERENCE UNDERSTANDING AND CREATING MUSIC – UCM, 5th , 2005 Caserta, Anais... Caserta, 2005. Não paginado.
IKEDA, Alberto T. Escolas de samba ou de marcha? O Estado de São Paulo. São Paulo, ano 7, n. 500, 24 fev. 1990.
JEPPESEN, Knud. Counterpoint: the polyphonic vocal style of the sixteenth century. New York: Dover, 1992.
JEPPESEN, Knud. The style of Palestrina and the dissonance. Mineola, New York: Dover Publications, 2005.
KENNAN, Kent W. Counterpoint: based on eighteenth-century practice. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1987.
KIRNBERGER Johann Philipp. The true principles for the practice of harmony. Journal of Music Theory, Autumn, 1979. v. 23, n. 2, p.163-225
KOMAR, Arthur J. Theory of suspensions: a study of metrical pitch relations in tonal music. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1971.
KRAMER, Jonathan D. Studies of time and music: A Bibliography. Music Theory Spectrum, v. 7, Time and Rhythm in Music, p.72-106. Spring, 1985.
LA MOTTE, Diether de. Contrapunto. Barcelona: Idea Books, 1998.
LA RUE, Jan. Analisis del estilo musical. Barcelona: Labor, 1989.
LANDI, Marcio Spartaco. Lições de contraponto segundo a arte explicada de André da S. Gomes. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora Ltda, 2006.
LESTER, Joel. Rameau and eighteenth-century harmonic theory. In: CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge History of Western Music Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p.753-777.
LIMA REZENDE, Gabriel S. S. Música, experiência e memória: o desenvolvimento da partitura e as margens do processo Revista Resgate n. 18, p.83-98, 2009.
LÓPEZ CANO, Rubén. Música y retórica en el Barroco. México: UNAM. 2000.
LUCAS, Mônica. Aspectos decorosos e cômicos em minuetos de Haydn. Musica Hodie, Goiânia, volume III, n. 1/2, 2003, p.105-16.
LUCAS, Mônica. Uma visão retórica da agudeza no Quarteto de Cordas op.33, N.5 de Franz Joseph Haydn. Per Musi, Belo Horizonte, n.16, 2007. p.21-32
MACHADO, Cacá. O enigma do homem célebre: ambição e vocação de Ernesto Nazareth. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2007.
NAPOLITANO, Marcos. A síncope das ideias: a questão da tradição na música popular brasileira. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2007. (Coleção História do Povo Brasileiro).
NEUNZIG, Hans A. Uma nova música europeia. Bonn: Inter Nationes, 1985.
NEVES, Paulo. Mixagem: o ouvido musical do Brasil. São Paulo: Editora Max Limonad, 1985.
ORTIZ, Renato (org.). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1983.
OWEN, Harold. Modal and tonal counterpoint: from Josquin to Stravinsky. New York: Schirmer Books, 1992.
PALISCA, Claude v. (Ed.). Norton anthology of western music: ancient to baroque. New York: Norton, 1996.
PISTON, Walter. Contrapunto. Cooper City: SpanPress, 1998.
POUND, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1986.
PRANDINI, José Carlos. Um estudo da improvisação na música de Hermeto Pascoal: transcrições e análises de solos improvisados. Instituto de Artes, Unicamp, 1996. (Dissertação de Mestrado).
RAMEAU, Jean-Philippe. Treatise on harmony. New York: Dover Publications, 1971.
RAMEAU, Jean-Philippe: Traite de L’harmonie réduite ci son principe naturel. París: Klincksieck. 1986.
RATNER, Leonard G. Classic music: expression form, and style. New York: Schirmer Books, 1980.
RIEMANN, Hugo. History of music theory. Lincoln: University of Nebraska Press, 1962.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Diccionario de música. Madrid: Ediciones Akal, 2007.
SAFATLE, vladimir. Muito longe, muito perto: dialética, ironia e cinismo a partir da leitura hegeliana de o sobrinho de Rameau. Artefilosofia, Ouro Preto, Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de ouro Preto, n. 2, p.36-55, jan. 2007.
SALZER, Felix; SHACHTER, Carl. El contrapunto en la composición. Barcelona: Idea Books, 1999.
SANDRONI, Carlos. Feitiço Decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.; UFRJ, 2001.
SCHENKER, Heinrich. Counterpoint (1). New York: Schirmer Books, 1987.
SCHOENBERG, Arnold. Exercícios preliminares em contraponto. São Paulo: via Lettera, 2001a.
SCHOENBERG, Arnold. Harmonia. São Paulo: Editora da Unesp, 2001b.
SHUKER, Roy. Vocabulário de música pop. São Paulo: Hedra, 1999.
SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Codecri, 1979.
TATARKIEWICZ, Wladyslaw. Historia de la estética. volume 3 (1400-1700). Madrid: Akal, 1991.
TOCH, Ernst. Elementos constitutivos de la música. Barcelona: Idea Books, 2001.
TOMÁS, Lia. Ouvir o logos: música e filosofia. São Paulo, Editora UNESP, 2002.
TOMLINSON, Gary (Ed.). The Renaissance. In: STRUNK, W. oliver e TREITLER, Leo (Ed.). Source Readings in Music History. New York: Norton, 1998. p.281-508.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino Português. Porto: Gráficos Reunidos, 1942.
TRAVASSOS, Elizabeth. Modernismo e música brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
TRAVASSOS, Elizabeth. Pontos de escuta da música popular no Brasil. In: ULHÔA, Martha; oCHoA, Ana Maria (org.). Música popular na América Latina: pontos de escuta. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005, p.94-111.
VALLE, Ione Ribeiro. Pierre Bourdieu: a pesquisa e o pesquisador. In: BIANCHETTI, Lucídio e MEKSENAS, Paulo (orgs.). A trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas: Papirus, 2008. p.95-117.
WASON, Robert W. Musica practica: music theory as pedagogy. In: CHRISTENSEN, Thomas (Ed.). The Cambridge History of Western Music Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. p.46-77.
WEBER, Max. Os fundamentos racionais e sociológicos da música. São Paulo: Edusp, 1995.
WEBERN, Anton. O caminho para a música nova. São Paulo: Novas Metas, 1984.
WISNIK, José Miguel. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa Revista de Literatura Brasileira, São Paulo, FFLCH/USP, n. 4/5, p.13-79, 2003.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Exceto onde está indicado, o conteúdo neste site está sob uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.






