Taiko à brasileira

a construção dos tambores japoneses na oficina da família Kaito, em Taubaté (SP)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2023.47638

Palavras-chave:

Taiko, Música nipo-brasileira, Organologia, Luteria

Resumo

A imigração japonesa em massa ao Brasil, iniciada no séc. XX, trouxe consigo um rico arsenal de costumes e manifestações culturais, muitos deles passados aos descendentes brasileiros. Assim, inúmeros grupos artísticos de caráter étnico puderam florescer no país, entre eles os conjuntos de taiko, grupos percussivos de tambores tradicionais que caíram no gosto das comunidades nipo-brasileiras. Para suprir tal demanda, os tambores passaram a ser construídos no Brasil, buscando adaptar técnicas japonesas à nova realidade. Esse artigo aborda, a partir da observação in loco e entrevistas, o processo de construção dos taiko brasileiros na oficina da família Kaito, em Taubaté, no interior do estado de São Paulo. Descrevendo as etapas da construção de dois diferentes tambores, foi possível entender como o luthier viabilizou e adaptou os taiko às matérias-primas brasileiras, criando instrumentos a partir de processos e maquinários nacionais, dando a esses taiko brasileiros características e identidade próprias.

Biografia do Autor

  • Flávio Rodrigues, Universidade Estadual de Campinas

    Flávio Rodrigues é mestre em Música, com ênfase em Etnomusicologia, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde desenvolve o projeto de pesquisa “Os tambores que vibram em nós: a comunidade de prática do taiko na cidade de Atibaia (SP)” sob orientação de Suzel Ana Reily. Cursou pós-graduação em Musicoterapia Preventiva e Social pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (2017) e graduação em Música na Faculdade de Artes Alcântara Machado (2015). Desde 2020, é pesquisador integrante do projeto temático “O Musicar Local: novas trilhas para a etnomusicologia”. Atua também como músico, compositor e educador.

  • Suzel Ana Reily, Universidade Estadual de Campinas

    Suzel Ana Reily é Professora Titular de Etnomusicologia do Departamento de Música do Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas. Completou o doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo em 1990 e logo em seguida assumiu posição de ensino e pesquisa na Queen's University Belfast, onde permaneceu até junho de 2015. Seu livro, 'Voices of the Magi: enchanted journeys in southeast Brazil', foi publicado por University of Chicago Press em 2002. Organizou quatro volumes: 'The Musical Human: Rethinking John Blacking´s Ethnomusicology in the 21st Century' (Ashgate, 2006); com Katherine Brucher, 'Brass Bands of the World: Militarism, Colonial Legacies, and Local Music Making' (Ashgate 2013); com Jonathan Dueck, 'The Oxford Handbook of Music in World Christianities' (Oxford University Press, 2016), que foi contemplado com uma menção honrosa do 2018 Ellen Koskoff Edited Volume Prize; 'Routledge Companion to the Study of Local Musicking' (com K Brucher, Routledge, 2018), que foi contemplado com o 2019 Ellen Koskoff Edited Volume Proze; duas edições especiais de revistas internacionais: 'Brazilian Musics, Brazilian Identities' (edição especial do 'British Journal of Ethnomusicology', 2001); 'The Sounds of Processions' (edição temática de 'Yale Journal of Music and Religion', 2016); um dossiê temático: 'Música e Memória' ('Música e Cultura', 2014).

Referências

Arima, Kátia. 2007. “Conte Sua História: Tsukasa Kaito.” Centenário da Imigração Japonesa. Acesso em 4 nov 2023. http://www.japao100.com.br/perfil/26/historia/38/

Associação Brasileira de Taiko. 2023. “Sobre”. Acesso em 4 nov 2023. https://taikobrasil.com.br/sobre/

Bender, Shawn Morgan. 2012. Taiko boom: Japanese drumming in place and motion. Asia: local studies/global themes, Vol 23. Berkeley: University of California Press.

Bocchini, Bruno. 2020. “Entidades Japonesas Comemoram 112 Anos de Imigração Ao Brasil”. Agência Brasil. Acesso em 4 nov 2023. https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/entidades-japonesas-comemoram-112-anos-de-imigracao-ao-brasil

Garcia, Rafael Mariano. 2022. O corpo na arte do taiko contemporâneo. São Paulo: Annablume.

Gould, Michael. 1998. “Taiko Classification and Manufacturing”. Percussive Notes, 36 (3): 12–20.

Graeff, Nina. 2023. “É um ser vivo: substituição, adaptação e padronização de instrumentos musicais entre África, Europa e Brasil”. Per Musi, 24: 1-33. doi:10.35699/2317-6377.2023.40743

Kaito, Yoohey. 29 ago 2022. Entrevista concedida a Flávio Rodrigues. Taubaté (São Paulo). Gravação em áudio.

Kanashiro, Natália. 29 ago 2022. Entrevista concedida a Flávio Rodrigues. Taubaté (São Paulo). Gravação em áudio.

Kebbe, Victor Hugo. 2014. “Ser japonês, ser nikkei, ser dekassegui: contornando metáforas de parentesco e nação”. Revista de Antropologia da UFSCar, 6 (1): 63–80. doi:10.52426/rau.v6i1.112.

Kubota, Nádia Fujino Luna. 2008. Bon Odori e Sobá: as obasan na transmissão das tradições japonesas em Campo Grande – MS. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Marília: Universidade Estadual Paulista.

Lesser, Jeffrey. 2008. Reflexões sobre (codi)nomes e etnicidade em São Paulo. Revista de Antropologia, 51 (1): 267-281.

Lorenz, Shanna. 2007. Japanese in the Samba: Japanese Brazilian Musical Citizenship, Racial Consciousness, And Transnational Migration. Tese (Doutorado em Artes e Ciências). Pittsburgh: University of Pittsburgh.

Machado, Igor José de Renó, Kebbe, Victor Hugo e Silva, Cristina Rodrigues da. 2008. “Notas sobre família transnacional”. Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, 30: 79-98.

Oguchi, Daihachi. s.d. Manual de taiko. Tradução: Artur Nakahara. S.l.: Confederação japonesa de taiko.

Pachter, Benjamin Jefferson. 2013. Wadaiko in Japan and the United States: The Intercultural History of a Musical Genre. Dissertação (Doutorado em Artes). Pittsburgh: University of Pittsburgh.

Reily, Suzel Ana. 2021. “O musicar local e a produção musical da localidade”. GIS – Revista de Antropologia da USP, 6 (1): 1-21. doi:10.11606/issn.2525-3123.gis.2021.185341.

Sakurai, Célia. 2007. Os japoneses. São Paulo: Editora Contexto.

Satomi, Alice Lumi. 2008. “Considerações organológicas sobre o Taiko”. Descubra Nikkei. Acesso em 10 nov 2023. https://discovernikkei.org/pt/journal/2008/6/28/taiko/

Uemura, Victor. 2023. “Grupos de taiko no Brasil”. Associação Brasileira de Taiko. Acesso em 10 nov 2023. https://taikobrasil.com.br/mapa-dos-grupos-de-taiko-no-brasil/

Ueno, Luana Martina Magalhães. 2019. “O duplo perigo amarelo: o discurso antinipônico no Brasil (1908-1934)”. Estudos Japoneses, 41 (junho): 101–115. doi:10.11606/issn.2447-7125.v0i41p101-115.

Vogel, Brian. 2009. Transmission and performance of taiko in Edo Bayashi, Hachijo, and modern kumi-daiko styles. Tese (Doutorado em Artes Musicais). Houston: Rice University. https://hdl.handle.net/1911/61883

Yoon, Paul Jong-Chul. 2001. “‘She’s Really Become Japanese Now!’: Taiko Drumming and Asian American Identifications”. American Music, 19 (4): 417-438. doi:10.2307/3052419.

Publicado

2023-12-08

Edição

Seção

Sessão Temática RePercussions

Como Citar

“Taiko à Brasileira: A construção Dos Tambores Japoneses Na Oficina Da família Kaito, Em Taubaté (SP)”. 2023. Per Musi 24 (dezembro): 1-25. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2023.47638.