Educação Científica contra o Preconceito: da Natureza às Multinaturezas
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2022u119141Palavras-chave:
Preconceito, Povos indígenas, Ciências da natureza, Ensino de ciênciasResumo
Este artigo traz um recorte da pesquisa de doutorado em Educação Científica, no qual se buscou construir um conjunto de práticas que subsidiem o combate ao preconceito racial em aulas de ciências. Tais pontos são resultado de um movimento de diálogo entre o levantamento de experiências de etnias, aldeias e escolas indígenas, movimentos de educação antirracista e pedagogias decoloniais, além de estudo bibliográfico acerca da temática. O artigo tem como principal discussão teórica a decolonialidade do currículo, alicerçando aspectos que vão desde a consciência da existência do preconceito nos indivíduos e na sociedade; passam pelo combate contra a discriminação; por uma auto-socio-crítica do mundo moderno atual; e chegam até as novas proposições, reinvenções e reativações de práticas e conhecimentos originários. Resultam deste processo 36 pontos a serem observados e discutidos por professores e professoras de Ciências Naturais a fim de combater e minimizar preconceitos em sala de aula. Sob estas perspectivas, atuar contra o preconceito e a discriminação em sala de aula tem como máxima “desaprender para aprender”, praticada em perspectivas individuais e sociais. O estudo também favoreceu a percepção indispensável de revisão sobre o papel e o significado da natureza, à luz de saberes e proposituras educacionais decoloniais.
Downloads
Referências
Ajãreaty Wajãpi (Wajãpi) (2017). Conversamos com o que a gente cultiva. In B. Ricardo, & F. Ricardo, Povos indígenas no Brasil: 2011–2016 (pp. 23–25). Instituto Socioambiental (ISA).
Almeida, S. L. de. (2018). O que é racismo estrutural?. Letramento.
Bíblia de Jerusalém. (2003). São Paulo: Paulus.
Campos, R. C. (1998). Não aponte o dedo para aquarinã. In Minas Gerais. SEE/MG, Bay: a educação escolar indígena em Minas Gerais (pp. 71–76). SEE/MG.
Cavalleiro, E. (2005). Discriminação racial e pluralismo nas escolas públicas da cidade de São Paulo. In SECADI/MEC, Educação anti-racista: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03 (pp. 65–104). SECADI/MEC.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (1998). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Cury, M. X., Guimarães, V. W., Silva, M. A. & Carneiro, C. G. (Org.) (2017). Kaingang, Guarani Ñandewa e Terena — Resistência já! Fortalecimento e união das culturas indígenas. Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.
D’Abbeville, C. (1614). Histoire de la mission des pères capucins en l’isle de marignan et terres circonvoisines où est traicté des singularités admirables &, des moeurs merveilleuses des indiens habitants de ce pais. Gallica: Bibliothèque numérique de la bibliothèque nationale de France. De l’impr. De françois huby. https://archive.org/stream/histoiredelamiss00clau#page/n3/mode/2up
Descola, O. (2006). As lanças do crepúsculo. Cosac & Naify.
Dussel, E. (2005). Europa, modernidade e eurocentrismo. In E. Lander (Org.), A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 55–70). Clacso.
Federici, S. (2019). Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (Coletivo Sycorax, Trad.). Elefante. (Original publicado em 2005)
Francisco Junior, W. E. (2008). Educação anti-racista: reflexões e contribuições possíveis do ensino de ciências e de alguns pensadores. Ciência e Educação, 14, 397–416. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-73132008000300003
Galilei, G. (2011). Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano (P. R. Mariconda, Trad., Intr. e notas, 3ª ed.). Editora 34/Associação Filosófica Scientiæ Studia. (Original publicado em 1632)
Gomes, N. L. (2005). Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no brasil: uma breve discussão. In SECADI/MEC, Educação anti-racista: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03 (pp. 65–104). SECADI/MEC.
Koch, A., Brierley, C., Maslin M., & Lewis, S. (2019). Earth system impacts of the European arrival and great dying in the Americas after 1492. Quaternary Science Reviews, 207(1), 13–36. https://doi.org/10.1016/j.quascirev.2018.12.004
Kopenawa, D., & Albert, B. (2015). A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. Companhia das Letras.
Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras.
Lander, E. (Org.). (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. perspectivas latino-americanas. Clacso.
Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira e indígena”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm
Leite, L. H. A. (1998). Aprendendo com a educação indígena. In SEE/MG, Bay: a educação escolar indígena em Minas Gerais (pp. 76–78). SEE/MG.
Lévi-Strauss, C. (2004). O cru e o cozido: Mitológicas I. Cosac & Naify.
Lévi-Strauss, C. (2006). O homem nu: Mitológicas IV. Cosac & Naify.
Lima, A. M., & Oliveira, H. T. (2011). A (re)construção dos conceitos de natureza, meio ambiente e educação ambiental por professores de duas escolas públicas. Ciência e Educação, 17(2), 321–337. https://doi.org/10.1590/S1516-73132011000200005
Lima, M. E. O., Faro, A., & Santos, M. dos (2016). A desumanização presente nos estereótipos de índios e ciganos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32(1), 219–228. https://doi.org/10.1590/0102-37722016012053219228
Mignolo, W. (2017). Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 32(94). http://dx.doi.org/10.17666/329402/2017
Ministério da Educação (2015). Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o programa nacional do livro didático PNLD 2015. https://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/165-editais?download=8304:edital-pnld-2015-ensino-medio-03-07-2013
Milanez, F., Krenak, A., Sá, L., Cruz, F., Ramos, E., & Taquari, G. (2019). Existência e diferença: o racismo contra os povos indígenas. Revista Direito e Práxis, 10(3), 2161–2181. https://doi.org/10.1590/2179-8966/2019/43886
Ministério da Educação (2018). Base Nacional Comum Curricular. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
Ministério da Educação (2019). Edital de convocação nº 03/2019 — CGPLI edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas, literárias e recursos digitais para o programa nacional do livro e do material didático PNLD 2021. https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/programas-do-livro/consultas/editais-programas-livro/item/13106-edital-pnld-2021
Munduruku, D. (2016). O banquete dos deuses. Global.
Munduruku, D., & Wapichana, C. (2019). Currículo da cidade: povos indígenas: orientações pedagógicas. SME/COPED.
Oliveira, T. S. de. (2003). Olhares que fazem a “diferença”: o índio em livros didáticos e outros artefatos culturais. Revista Brasileira de Educação, (22), 25–34. https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000100004
Organização Internacional do Trabalho (OIT) (1989). Convenção 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais. Genebra.
Pataxó da aldeia Muã Mimatxi (povo) (2012). Calendários dos tempos. Faculdade de Letras da UFMG.
Rezende, J. S. (2013). Ciências e saberes tradicionais. Tellus, 13(25), 201–213. https://doi.org/10.20435/tellus.v0i25.338
Ricardo, B., & Ricardo, F. (2017). Povos indígenas no Brasil: 2011–2016. Instituto Socioambiental (ISA).
Santa Catarina. Secretaria de Estado de Educação (SSEE/SC) (1998). Projeto político pedagógico guarani Wherá. Yynn Moroti Wherá (aldeia M’biguaçú). SEE-SC.
Santos, S. A. (2005). A lei nº 10.639/03 como fruto da luta anti-racista do movimento negro brasil. In SECADI/MEC, Educação anti-racista: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03 (pp. 65–104). SECADI/MEC.
Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso (1997). Urucum jenipapo e giz: educação escolar indígena em debate. Entrelinhas.
Silva, T. T. da. (1995). O projeto educacional moderno: identidade terminal? In A. Veiga-Neto (Org.), Crítica pós-estruturalista e educação (pp. 245–260). Sulina.
Stengers, I. (2018). The challenge of ontological politics. In M. De La Cadena, & M. Blaser, A World of many worlds. Duke University Press.
Strathern, M. (2014). O efeito etnográfico. Cosac & Naify.
Sztutman, R. (2018). Reativar a feitiçaria e outras receitas de resistência: pensando com Isabelle Stengers. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, (69), 338–360. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901x.v0i69p338-360
Tukano, D. (2019). Apropriação cultural, antropofagismo, multiculturalidade, globalização, pensamento decolonial e outros carnavais. In O. A. Ribeiro, C. M. Nogueira, R. C. Garcia, & W. F. Nascimento, Tecendo redes antirracistas, Áfricas, Brasil, Portugal (pp. 99–108). Autêntica.
Viveiros de Castro, E. (2001). A inconstância da alma selvagem. Cosac & Naif.
Viveiros de Castro, E. (2015). Metafísicas canibais. Cosac & Naif.
Wahren, J. (2015). Autonomía libertaria, territorios insurgentes y poder popular: Balances y desafíos de las luchas desde abajo y por abajo en la Argentina. In EZLN. El pensamiento crítico frente a la hidra capitalista. (III) (pp. 30–52). Comisión Sexta del EZLN.
Walsh, C. (2013). Lo pedagógico y lo decolonial: Entretejiendo caminos. In C. Walsh (Coord), Pedagogías decoloniales: Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Ediciones AbyaYala.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Vitor Fabrício Machado, Cristiane Coppe
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores são responsáveis pela veracidade das informações prestadas e pelo conteúdo dos artigos.
Os autores que publicam neste periódico concordam plenamente com os seguintes termos:
- Os autores atestam que a contribuição é inédita, isto é, não foi publicada em outro periódico, atas de eventos ou equivalente.
- Os autores atestam que não submeteram a contribuição simultaneamente a outro periódico.
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à RPBEC o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores atestam que possuem os direitos autorais ou a autorização escrita de uso por parte dos detentores dos direitos autorais de figuras, tabelas, textos amplos etc. que forem incluídos no trabalho.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo, publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após a publicação visando aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Em caso de identificação de plágio, republicação indevida e submissão simultânea, os autores autorizam a Editoria a tornar público o evento, informando a ocorrência aos editores dos periódicos envolvidos, aos eventuais autores plagiados e às suas instituições de origem.