Educação Científica contra o Preconceito: da Natureza às Multinaturezas
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2022u119141Palabras clave:
Preconceito, Povos indígenas, Ciências da natureza, Ensino de ciênciasResumen
Este artigo traz um recorte da pesquisa de doutorado em Educação Científica, no qual se buscou construir um conjunto de práticas que subsidiem o combate ao preconceito racial em aulas de ciências. Tais pontos são resultado de um movimento de diálogo entre o levantamento de experiências de etnias, aldeias e escolas indígenas, movimentos de educação antirracista e pedagogias decoloniais, além de estudo bibliográfico acerca da temática. O artigo tem como principal discussão teórica a decolonialidade do currículo, alicerçando aspectos que vão desde a consciência da existência do preconceito nos indivíduos e na sociedade; passam pelo combate contra a discriminação; por uma auto-socio-crítica do mundo moderno atual; e chegam até as novas proposições, reinvenções e reativações de práticas e conhecimentos originários. Resultam deste processo 36 pontos a serem observados e discutidos por professores e professoras de Ciências Naturais a fim de combater e minimizar preconceitos em sala de aula. Sob estas perspectivas, atuar contra o preconceito e a discriminação em sala de aula tem como máxima “desaprender para aprender”, praticada em perspectivas individuais e sociais. O estudo também favoreceu a percepção indispensável de revisão sobre o papel e o significado da natureza, à luz de saberes e proposituras educacionais decoloniais.
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