Trabalho docente em universidades públicas brasileiras e adoecimento mental

uma revisão bibliográfica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2237-5864.2020.15193

Palavras-chave:

Docentes, Universidades, Esgotamento Profissional, Transtornos Mentais

Resumo

Pesquisas indicam que as novas configurações do trabalho docente nas universidades públicas brasileiras têm sido caracterizadas por um importante quadro de precarização do trabalho, com intensificação da jornada diária, flexibilização das relações trabalhistas, sobrecarga de trabalho, escassez de financiamento, excesso de controle institucional e sucateamento da infraestrutura. Tal quadro vem gerando impactos negativos não apenas na rotina de trabalho, mas também na saúde mental dos docentes. Dentre tais impactos, destacam-se as elevadas taxas de prevalência de Síndrome de Burnout e de Transtornos Mentais Comuns encontradas em pesquisas epidemiológicas envolvendo tais profissionais. Nesse cenário, esta revisão visa analisar a atividade docente, em seus elementos constitutivos, desempenhada nas universidades públicas brasileiras e relacioná-la ao adoecimento mental, especialmente à Síndrome de Burnout e aos Transtornos Mentais Comuns.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Taís Campos, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Salvador, BA, Brasil.

Graduada em Fisioterapia (EBMSP-2004), Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional (UGF-2012) e mestre em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade (UFBA-2018). Servidora técnico-administrativa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Renata Meira Véras, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.

Graduada em Psicologia (UFP-2001) e Fisioterapia (Centro Universitário JP-2005), mestre em Psicologia (UFP-2004) e doutora em Psicologia Social (UFRN-2010). Professora Associada do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFBA e membro do Programa de Pós-Graduação Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade da UFBA. Bolsista produtividade.

Tânia Maria de Araújo, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana, BA, Brasil.

Graduada em Psicologia (UFMG-1990), mestre em Saúde Comunitária (UFBA-1994), doutora em Saúde Pública (UFBA-1999), pós-doutora (University of Massachusetts-2004). Professora Titular Pleno da Universidade Estadual de Feira de Santana, membro dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (UEFS) e de Saúde, Ambiente e Trabalho (UFBA).

Referências

ALMEIDA FILHO, Naomar de. A universidade brasileira num contexto globalizado de mercantilização do ensino superior: colleges vs. Vikings. Revista Lusófona de Educação, Campo Grande, Lisboa, v. 32, n. 32, p. 11-30, 2016.

ARAÚJO, Tânia Maria de; CARVALHO, Fernando Martins. Condições de trabalho docente e saúde na Bahia: estudos epidemiológicos. Educação e Sociedade, Campinas, v. 30, n. 107, p. 427-449, maio/ago. 2009.

AZEVEDO, Caroline Almeida de. Trabalho intensificado e os Transtornos Mentais Comuns em docentes de uma Universidade Pública na Bahia. 2017. 144 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2017.

BAPTISTA, Makilim Nunes et al. Burnout, estresse, depressão e suporte laboral em professores universitários. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 564-570, jan./mar. 2019.

BORSOI, Izabel Cristina Ferreira. Trabalho e produtivismo: saúde e modo de vida de docentes de instituições públicas de ensino superior. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 81-100, jun. 2012.

BOSI, Antônio de Pádua. A precarização do trabalho docente nas instituições de ensino superior do Brasil nesses últimos 25 anos. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 101, p. 1503-1523, set./dez. 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2006. Brasília: INEP 2006. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em: 9 fev. 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2015. Brasília: INEP 2016. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em: 9 fev. 2017.

CARLOTTO, Mary S.; PALAZZO, Lílian dos Santos. Síndrome de burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. 1017-1026, maio 2006.

CARLOTTO, Mary S.; CÂMARA, Sheila G. Riscos psicossociais associados à síndrome de burnout em professores universitários. Avances em Psicología Latinoamericana, Bogotá, v. 35, n. 3, p. 447-457, 2017.

CODO, Wanderley; VASQUES-MENEZES, Iône. O que é burnout. In: CODO, Wanderley (org.). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.

COSTA, Ludmila da Silva Tavares et al. Prevalência da síndrome de burnout em uma amostra de professores universitários brasileiros. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 26, n. 4, p. 636-642, 2012.

CRUZ, Roberto Moraes et al. Saúde docente, condições e carga de trabalho. Revista Electrónica de Investigación y Docencia, n. 4, p. 147-160, jul. 2010. Disponível em: http://revistaselectronicas.ujaen.es/index.php/reid/article/view/1024. Acesso em: 8 out. 2016.

CUNHA, Kátia Waléria Vieira da. A produção científica no Brasil nos anos de 2003 a 2008 sobre Síndrome de burnout e docência. 2009. 57 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2009.

DIEHL, Liciane; MARIN, Angela H. Adoecimento mental em professores brasileiros: revisão sistemática da literatura. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 7, n. 2, p. 64-85, dez. 2016.

FIGLIOULO, Danielle S. da S.; LIMA, Pedro O. P.; LAURENTINO, Glória E. C. Estresse ocupacional e fadiga em fisioterapeutas que exerciam função de docência em universidades da cidade de Recife/PE. Terapia Manual, São Paulo, v. 9, n. 43, p. 231-237, 2011.

FONSECA, Maria L. G.; GUIMARÃES, Maria B. L.; VASCONCELOS, Eduardo M. Sofrimento difuso e transtornos mentais comuns: uma revisão bibliográfica. Revista de Atenção Primária à Saúde, Juiz de Fora, v. 11, n. 3, p. 285-294, jul./set. 2008.

FORATTINI, Cristina D.; LUCENA, Carlos A. Adoecimento e sofrimento docente na perspectiva da precarização do trabalho. Laplage em Revista, Sorocaba, v. 1, n. 2, p. 32-47, maio/ago. 2015.

GARCIA, Lenice P.; BENEVIDES-PEREIRA, Ana M. Investigando o burnout em professores universitários. Revista Eletrônica InterAção Psy, Maringá, n. 1, p. 76-89, ago. 2003. Disponível em: http://www.saudeetrabalho.com.br/download_2/burnout-prof-universitario.pdf. Acesso em: 20 jan. 2016.

GIL-MONTE, Pedro R. El síndrome de quemarse por el trabajo (burnout) como fenómeno transcultural. Informació Psicológica, Valencia, Espanha, n. 91-92, p. 4-11, set./abr. 2008.

GUERRA, Agercicleiton C.; ROCHA, Antônia R. M. Reuni no contexto das universidades federais: números, avanços e retrocessos. Revista Praxis Pedagógica, Porto Velho, v. 2, n. 2, p. 139-157, maio/ago. 2019.

GUIMARÃES, André R.; CHAVES, Vera L. J. A intensificação do trabalho docente universitário: aceitações e resistências. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Goiânia, v. 31, n. 3, p. 567-586, set./dez. 2015.

LEITE, Tatiane Isabela de Araújo et al. Prevalência e fatores associados da Síndrome de Burnout em docentes universitários. Rev. Bras. Med. Trab., São Paulo, v. 17, n. 2, p. 170-179, 2019.

LEMOS, Denise. Trabalho docente nas universidades federais: tensões e contradições. Caderno CRH, Salvador, v. 24, n. 1, p. 103-118, 2011.

LEMOS, Denise Vieira da Silva. Precarização do trabalho docente nas Federais e os impactos na saúde: o professor no seu limite. Entreideias, Salvador, v. 3, n. 1, p. 95-109, jan./jun. 2014.

LIMA, Maria de F. E. M.; LIMA-FILHO, Dario de O. Condições de trabalho e saúde do/a professor/a universitário/a. Ciências e Cognição, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 62-82, 2009. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v14_3/m253.pdf. Acesso em: 8 out. 2016.

LOPES, Marcia Cavalcanti Raposo. Universidade produtiva e trabalho docente flexibilizado. Estudos e pesquisas em psicologia, Rio de Janeiro, n. 1, p. 35-48, jan./jun. 2006.

MANCEBO, Deise. Trabalho Docente: Subjetividade, Sobreimplicação e Prazer. Psicologia: Reflexão e Crítica, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 74- 80, 2007.

MASSA, Lilian Dias Bernardo et al. Síndrome de Burnout em professores universitários. Revista Terapia Ocupacional, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 180-189, maio/ago. 2016.

MENDES, Luciano et al. Da arte ao ofício: vivências de sofrimento e significado do trabalho de professor universitário. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza, v. 7, n. 2, p. 527-556, set. 2007.

MOURA, Juliana da Silva et al. A precarização do trabalho docente e o adoecimento mental no contexto neoliberal. Revista Profissão Docente, Uberaba, v. 19, n. 40, p. 1-17, jan./abr. 2019.

OPAS Brasil. CID: Burnout é um fenômeno ocupacional. Brasil, 28 maio 2019. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5949:cid-burnout-e-um-fenomeno-ocupacional&Itemid=875. Acesso em: 08 nov. 2019.

PAIVA, Kely C. M. de; GOMES, Maria A. do N.; HELAL, Diogo H. Estresse ocupacional e síndrome de Burnout: proposição de um modelo integrativo e perspectivas de pesquisa junto a docentes do ensino superior. Gestão e Planejamento, Salvador, v. 16, n. 3, p. 285-309, set./dez. 2015.

PAZ, Suelaynne L. da; OLIVEIRA, João F. de. O trabalho docente no magistério superior em tempos de crise e de reconfiguração. Rev. Cient., São Paulo, n. 46, p. 109-130, maio/ago. 2018.

SANTOS, Daniel Alberto Santos e. Estresse ocupacional e transtornos mentais comuns entre professores universitários. 2016. 157 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2016.

SANTOS, Fernando S.; ALMEIDA FILHO, Naomar de. A quarta missão da Universidade: internacionalização universitária na sociedade do conhecimento. Coimbra: EduCoimbra; Brasília: Editora UnB, 2012. 237 p.

SILVA, Maurício R. da; PIRES, Giovani D. L.; PEREIRA, Rogério S. A política de devastação e autoritarismo de Bolsonaro, ‘o exterminador do Brasil’: ‘future-se’ para o abismo, sofrimento e adoecimento de Brasil e a urgente resistência ativa. Motrivivência, Florianópolis, v. 31, n. 59, p.1-15, jul./set. 2019.

SILVA-JUNIOR, João S.; FISCHER, Frida M. Afastamento do trabalho por transtornos mentais e estressores psicossociais ocupacionais. Rev. Bras. Epidemiologia, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 735-744, out./dez. 2015.

TAVARES, Juliana Petri et al. Distúrbios psíquicos menores em enfermeiros docentes de universidades. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 20, n. 1, jan./fev. 2012.

Downloads

Publicado

12-02-2020

Como Citar

CAMPOS, T.; VÉRAS, R. M.; ARAÚJO, T. M. de. Trabalho docente em universidades públicas brasileiras e adoecimento mental: uma revisão bibliográfica. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 10, p. 1–19, 2020. DOI: 10.35699/2237-5864.2020.15193. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rdes/article/view/15193. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)