de sua produção conceitual/composicional/interpretativa e elucidar aspectos estéticos de sua ampla
carreira.
Com enfoques etnomusicológicos distintos e contemplando instrumentos variados, Silambo, Rodrigues e
Reily, Schettini e Peters abordam aspectos organológicos, socioculturais e performativos em suas discussões.
Enquanto Silambo enfoca na produção, tradição e inovação da produção de mbiras em Moçambique e
Rodrigues e Reily de tambores de origem japonesa (taikos) no interior de São Paulo, Schettini e Peters trazem
um panorama mais abrangente de tambores emoldurados (frame drums) pelo mundo. Estes trabalhos
acabam assim colocando em relevo saberes e conhecimentos que advém das ricas e milenares tradições e
práticas percussivas pelo globo.
Os textos de Galvão e de Queiroz e Rocha abordam um conjunto instrumental muito particular e que, pela
sua importância na música do séc. XX, suas especificidades tímbricas e características performativas, acabou
se tornando um ramo independente das práticas e pesquisas em percussão: a bateria. Ambos os artigos
abordam a aplicação deste instrumento/unidade poli-instrumental na música brasileira, sendo que Galvão
analisa discos entre 1965 e 2003 de dois compositores (Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti) para retratar
o baião, maracatu e frevo na prática de diferentes bateristas, enquanto Queiroz e Rocha analisam a
performance de Esdra “Neném” Ferreira em duas faixas do disco Suíte para os Orixás.
Finalmente, em uma abordagem mais especificamente educacional, Nicolás, Isusi-Fagoaga e Raga delineiam
uma pesquisa sobre métodos ativos em relação a repertório camerístico. Trabalhando com obras de Roldán
e Varèse, foram comparados os resultados alcançados entre um grupo controle e um grupo experimental na
produção e aprendizagem de conhecimentos musicais durante a preparação de peças em formação de grupo
de percussão.
Os textos em seu conjunto são representativos da pesquisa em percussão em diferentes instituições e países
(Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Moçambique, Portugal e Suíça essencialmente), estando aqui
disponíveis em inglês, português ou espanhol. A diversidade acima também é reflexo das intricadas e
multifacetadas conexões que se estabelecem no estudo, trabalho, pesquisa e performance com
instrumentos percussivos e aponta para uma prolífica produção que se mostra em ampla e efervescente
expansão.
Nós, editores, expressamos nossa profunda gratidão às/aos dedicadas/os autoras/es que enriqueceram esta
edição com suas perspicazes contribuições. Agradecemos também à comunidade de pesquisadoras/es que,
para tornar possível e ainda mais acurada esta sessão temática, prontamente colaborou com suas avaliações,
críticas e sugestões. Os vossos esforços incansáveis e conhecimentos especializados ofereceram um
panorama abrangente e estimulante, revelando a diversidade e complexidade intrínseca a essa forma única
de expressão musical.
É com entusiasmo que vemos esses valiosos artigos disponíveis em uma revista acadêmica de destaque no
cenário nacional, comprometida com a acessibilidade e disseminação livre do conhecimento. Acreditamos
que o acesso aberto e gratuito proporcionado por esta plataforma contribuirá significativamente para a
ampliação do diálogo acadêmico e para a inspiração de futuras pesquisas no fascinante campo da percussão.
Que estas reflexões, descobertas e insights continuem repercutindo e inspirando novos horizontes na
pesquisa em música, celebrando a riqueza e vitalidade das artes percussivas em todas as suas manifestações.