O SIX-XEN de Iannis Xenakis

uma plêiade de sons em contínua expansão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2023.48450

Palavras-chave:

Iannis Xenakis, SIX-XEN, Pléïades, instrumento acústico, percussão

Resumo

O SIX-XEN, instrumento acústico criado por Iannis Xenakis para Pléïades (1978), é representativo do processo criativo do compositor e seu apreço pela percussão. As descrições do próprio criador, bem como as conexões entre o objeto e seu trabalho teórico e prático, trazem luzes sobre aspectos estruturantes e fundamentais do universo conceitual e sonoro da pesquisa xenakiana. Estes aspectos podem ser observados através de diferentes documentos: esboços iniciais, manuscritos, diferentes edições de Pléïades, correspondências, notas pessoais e entrevistas. Enquanto objeto criado por um compositor, o instrumento possui características que são reflexos diretos das abordagens práticas e estéticas mais profundas de seu criador. Nesse sentindo, o presente artigo aborda o instrumento percussivo xenakiano com ênfase em: microtonalidade, batimento acústico, glissando e variabilidade através de repetições não-fiéis. Ao criar o SIX-XEN, Xenakis confiou à comunidade de percussionistas uma enorme responsabilidade, pois a pesquisa e a construção de protótipos são desafios constantes para se tocar sua peça.

Biografia do Autor

  • Ronan Gil de Morais, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

    É percussionista, pesquisador e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). É doutor pela Universidade da Basiléia (Universität Basel, Suíça) e Fachhochscule für Musik FHNW pelo programa de Musicologia (Kooperationsprojekt Musikwissen). Seu trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Matthias Schmidt, Prof. Dr. Georges Starobinski e Prof. Christian Dierstein, tendo recebido a menção insigni cum laude. É mestre em Composition et Interprétation Musicale pela Universidade de Strasbourg (2011), onde apresentou dissertação sobre o repertório para percussão e música eletroacústica mista sob orientação de Prof. Dr. Alessandro Arbo e Prof. Emmanuel Séjourné. Cursou a Especialização em teclados de percussão no Conservatoire de Strasbourg (França) sob orientação de Prof. Séjourné (com menção honrosa Très bien). Possui Bacharelado em Percussão pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-2009), onde atuou junto ao Grupo Piap por quatro anos e obteve o Prêmio de Excelência em Pesquisa por seu trabalho de conclusão de curso ("Repertório brasileiro para vibrafone solo"). Atuou como professor (Chargé de cours/Percussioniste accompagnateur) no Conservatoire de Strasbourg e professor de percussão na Ecole de Musique de Souffelweyersheim. Com o Grupo Piap apresentou-se em todo o Brasil, nos EUA e Canadá (durante a Turnê Norte-Americana 2010) e participou de concertos com o Duo Katia e Marielle Labèque. Integrou as mais diversas formações de câmara: AxisModula, Accroche Note, Ensemble Vertebrae, Texture Ensemble da Milano, Babel Trio, DUALpha, DuAnphibios com concertos na França, Itália, Luxemburgo e Espanha. Estreou obras e trabalhou com Michelle Agnes Magalhães, Charles David Wajnberg, Flo Menezes, Daphné Hejebri, Stefano Gervasoni, Thomas Meadowcroft, Anna Sowa, David Hernandez Ramos, Fernando Iazzetta, Bertrand Gourdy, Zacarias Maia, Gitbi Kwon, Jacopo Costa, Patricia Goberna, Marisa Rezende, José Manoel Gatica, Nicolas Tzortis, Franck Christoph Yeznikian, Vito Zuraj, André Bandeira, dentre muitos outros. Lhe foram dedicadas obras de Michelle Agnes Magalhães, Charles David Wajnberg, Daphné Hejebri, Ivan Chiarelli e Roberto Victorio. Gravou CDs com o Ensemble Accroche Note, Grupo Piap, Grupo Percussionista de Câmara (GPC) e Euterpe, bem como o cd e dvd da II Bienal de música contemporânea de Mato Grosso. Compôs obras para grupo de percussão e percussão com eletrônica (tempo real e diferido).

Referências

Barthel-Calvet, Anne-Sylvie. 2000. Le rythme dans l’œuvre et la pensée de Iannis Xenakis. Tese (Doutorado em Musicologia). Paris: Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS).

______. 2002. “Temps et rythme chez Xenakis: le paradoxe de l’architecte”. In Portrait(s) de Iannis Xenakis, editado por François-Bernard Mâche, 159-169. Paris: Biblioteca Nacional da França.

______. 2011. Oser Xenakis. Paris: Salabert/Universal.

Batigne, Jean. 1981. “Regards sur Iannis Xenakis.” In Regards sur Iannis Xenakis, editado por Hugues Gerhards, 175-183. Paris: Éd. Stock.

Bogler, Tilmann. 2017. Xenakis - Pléïades Analyse von Rhythmus und Grafik. Monografia (Bacharelado em Música). Zurique: Escola Superior das Artes de Zurique.

Bucur, Voichita. 2022. Handbook of Materials for Percussion Musical Instruments. Cham: Springer.

Ceuster, Diederik Mark de. 2021. “‘Use 19 Metal Pieces of Approximately the Same Timbre’: An Analysis of Twelve Recorded Performances of Xenakis’s Métaux (Pléïades)”. Zeitschrift der Gesellschaft für Musiktheorie, 18 (1): 71-100. https://www.gmth.de/zeitschrift/artikel/1106.aspx

Engelman, R. 2010. “So Percussion + Meehan/Perkins Duo.” https://robinengelman.com/2010/12/02/so-2/

Exarchos, Dimitris. 2007. Iannis Xenakis and Sieve Theory: An Analysis of the Late Music (1984-1993). Tese (Doutorado em Musicologia). Londres: Universidade de Londres.

Fleuret, Maurice. 1988. “Il teatro di Xenakis”. In Xenakis, editado por Enzo Restagno, 159-187. Torino: EDT.

Gibson, Benoît. 2001. “Théorie des cribles”. In Présences de Iannis Xenakis, editado por Makis Solomos, 85-92. Paris: CDMC.

______. 2011. The instrumental music of Iannis Xenakis. Theory, practice, self-borrowing. Hillsdale: Pendragon Press.

Globokar, Vinko. (1980). Le compositeur, l’instrument, l’interprète. In Le compositeur et l’instrument, editado por IRCAM. http://articles.ircam.fr/textes/Globokar80a/index.html

Gueib, Paul. 2020. Étude et Amélioration d’un Instrument de Percussions Innovant, le Sixxen. Monografia (Bacharelado em Design Industrial). Metz: École Nationale Supérieure d’Arts et Métiers de Metz.

Halbreich, Harry. 1988. “Da “Cendrées” a “Waarg”: quindici anni di creatività”. In Xenakis, editado por Enzo Restagno, 211-270. Torino: EDT.

Harley, James. 2002. The Electroacoustic Music of Iannis Xenakis. Computer Music Journal, 26 (1): 33-57.

______. 2004. Xenakis. His Life in music. Nova Iorque: Routledge.

Hofmann, Boris. 2015. “The Electroacoustic Works by Xenakis and their Instrumental “Contemporaries”.” In Iannis Xenakis, La musique électroacoustique, editado por Makis Solomos, 19-28. Paris: L’Harmattan.

Johnston, Andrew. 2016. “Design, Opportunities for Practice-Based Research in Musical Instrument.” Leonardo, 49 (1): 82-83.

Lacroix, Marie-Hortense. 2001. Pléiades de Iannis Xenakis. Paris: Ed. TUM/Michel de Maule.

Les Percussions de Strasbourg. 1986. “Quelques nouvelles.” Percutact, 4: 9.

______. 1991. “Nos instruments : retour sur le sixen.” Tympan, 12: 2.

______. 2021. “Sixxen.” Dossier de partenariat. Strasbourg, France: Les Percussions de Strasbourg. https://www.percussionsdestrasbourg.com/wp-content/uploads/2020/04/Mécénat-Sixxen.pdf

Lins, Rodrigo Mota. 2017. Mecanismos de Abafamento para Teclados de Percussão. Monografia (Licenciatura em Música). Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Lohner, Henning. 1986. “Interview with Iannis Xenakis.” Computer Music Journal, 10 (4): 50-55.

Mâche, François-Bernard. 2018. Le sonore et l’universel. Écrits au tournant du XXIe siècle. Paris: Editions des archives contemporaines.

Manoury, Philippe. 2012. “Traité d’inharmonie.” https://www.philippemanoury.com/traite-dinharmonie/

Marandola, Fabrice. 2012. “Of Paradigms and Drums: Analyzing and Performing Peaux from Pléïades”. In Xenakis Matters, editado por Sharon Kanach, 185-204. Hillsdale: Pendragon Press.

Melo, Igor A. 2022. Inovação de instrumentos percussivos: construção e aperfeiçoamento de porcelanatofone. Monografia (Licenciatura em Música). Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Melo, Igor A., Lins, Rodrigo M., e Morais, Ronan Gil de. 2016. “Inovação tecnológica na luteria de instrumentos musicais: estruturas de sustentação e pedais para teclados de percussão.” Em.formação: Cadernos de Iniciação Científica e Tecnológica do IFG, Destaques 2014–2015, 2: 124-143. https://editora.ifg.edu.br/editoraifg/catalog/view/6/4/35-1

Morais, Ronan Gil de. 2022a. “Xenakis in Indonesia: Influences in the composition of Jonchaies (1977) and Pléïades (1978)”. In Centenary International Symposium XENAKIS 22: Lectures Workshops Concerts, editado por Anastasia Georgaki e Makis Solomos, 338-359. Atenas: Spyridon Kostarakis. https://xenakis2022.uoa.gr/proceedings/

______. 2022b. “Indonesian References in Iannis Xenakis’ Claviers: Creative Process With Exogenous Material in Pléïades (1978)”. Per Musi, no. 42 (September): 1-24. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.44450

______. 2023. Iannis Xenakis’ SIX-XEN A new instrument for Pléïades (1978) and a creative process with Indonesian references. Tese (Doutorado em Musicologia e Performance Musical). Basiléia: Universidade da Basiléia e Escola de Música FHNW.

Morais, Ronan Gil de; Araújo, Lucas Davi de. 2018. “Sixxen e música eletroacústica: o diálogo entre instrumento microtonal e aparatos eletroeletrônicos no repertório pós-Pléiades”. Revista Música, 18 (2): 8-29. https://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/147530

Morais, Ronan Gil de. Chaib, Fernando e Oliveira, Fabio. 2017. “Considerações históricas, estruturais e características sobre o instrumento Sixxen, de Iannis Xenakis”. Per Musi, 37: 1-21. https://periodicos.ufmg.br/index.php/permusi/article/view/5164

Morais, Ronan Gil de. Chaib, Fernando e Oliveira, Fabio. 2020. “Repertório para Sixxen: a (re)definição de um novo instrumento através da composição”. Per Musi, 40: 1-22. https://periodicos.ufmg.br/index.php/permusi/article/view/5296

Porres, Alexandre Torres. 2007. Processos de Composição Microtonal por meio do Modelo de Dissonância Sensorial. Dissertação (Mestrado em Música). Campinas: Universidade Estadual de Campinas.

Reed, Brett. 2003. “Building a Set of Sixxen.” Percussive Notes, 41 (3): 48-50.

Restagno, Enzo. 1988. “Un’autobiografia dell’autore raccontata da Enzo Restagno.” In Xenakis, editado por Enzo Restagno, 3-70. Torino: EDT.

Santana, Helena Maria da Silva. 1998. L’orchestration chez Iannis Xenakis : l’espace et le rythme, fonctions du timbre. Tese (Doutorado em Musicologia). Lille: ANRT.

Sève, Bernard. 2013. L’instrument de musique. Une étude philosophique. Paris: Editions du Seuil.

Silva, Anderson A. 2017. Música para trompa e sixxen, de Estércio Marquez Cunha: resultados sonoros na colaboração entre compositor e intérprete. Dissertação (Mestrado em Música). Goiânia: Universidade Federal de Goiás.

Solomos, Makis. 1996. Iannis Xenakis. Mercuès: P.O. Editions.

______ (Ed.). 2015. Iannis Xenakis, La musique électroacoustique. Paris: L’Harmattan.

Varga, Balint Andras. 1996. Conversations with Iannis Xenakis. Londres: Faber and Faber Ltd.

Walther, D. 1979. “Création mondiale à Mulhouse : «Les pléiades» de Xenakis...” Dernières Nouvelles d’Alsace (DNA), 21 apr 1979: 94.

Xenakis, Iannis. 1971a. “Structures Hors-Temps.” In The Musics of Asia. Annals of the International Music Symposium, editado por José Maceda, 152-173. Manila: National Music Council of the Philippines and Unesco International Music Council.

______. 1971b. Anaktoria. Paris: Éd. Salabert.

______. 1979. Pléïades. 1ed. Paris: Éd. Salabert.

______. 1981. Nekuia. Paris: Éd. Salabert.

______. 1982. [Correspondência]. Destinatário: Ruud Wiener. Paris, 29 oct 1982. 1 cartão pessoal.

______. 1985. [Correspondência]. Destinatário: Claude Ricou. Paris, 16 dez 1985. 1 cartão pessoal.

______. 1988. Pléïades. 2ed. Paris: Éd. Salabert.

______. 1989. “Iannis XENAKIS. Musique matin : c’est encore mieux l’après-midi.” Programa de Rádio (entrevista feita e editada por F. Mallet e R. Saidkhanian; 24 jul 1989). Paris: France Musique. Acessível pelos arquivos do Institut national de l’audiovisuel (Ina, França).

______. 1993. [Correspondência]. Destinatário: Philippe Manoury. Paris, 25 jun 1993. 1 cartão pessoal.

______. 1994. Kéleütha. Paris: L’Arche.

______. 1999. [Correspondência]. Destinatário: Bob Wilson. Paris, 29 oct 1999. 1 cartão pessoal.

______. 2013. Pléïades. 3ed. Paris: Éd. Salabert.

Publicado

2023-12-26

Edição

Seção

Sessão Temática RePercussions

Como Citar

“O SIX-XEN De Iannis Xenakis: Uma Plêiade De Sons Em contínua expansão”. 2023. Per Musi 24 (dezembro): 1-31. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2023.48450.

Artigos Semelhantes

1-10 de 143

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)