Gesto e miniaturização

o álbum fonográfico como artefato de memória do musicar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.34826

Palavras-chave:

Álbum fonográfico, Memória, 'Musicar', Gesto, Miniaturização

Resumo

Inspirado nas ideias de Gregory Bateson, o musicólogo Christopher Small propôs a noção de musicking para expressar uma abordagem comunicacional e performativa da música como um fazer que vincula sons, signos, ações e ideias. Aplicando essa noção (aqui traduzida por musicar), propomos considerar a gravação e reprodução/escuta de discos (registros de sons socialmente produzidos) como gestos produtores e ritualizadores de vínculos, potencializados por um formato específico de circulação de fonogramas – o álbum. Considerando-o como gesto coletivo, que ressoa musicalmente relações sociais e significados culturais de sua produção, sugerimos um paralelo entre a performance fonográfica com aquela da fotografia como procedimento de miniaturização, tal como elaborado por Walter Benjamin. Para observar os efeitos de memória dessa forma de musicar, acompanhamos alguns aspectos dos relatos e atividades de um agente cuja formação e musicalidade se deu a partir do álbum – o músico, produtor, colecionador de discos e pesquisador Charles Gavin.

Biografia do Autor

  • Sabrina Dinola, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Doutora e Mestra em Memória Social pelo Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS-Unirio). Atualmente desenvolve sua pesquisa de pós-doutorado intitulada "Simetrias e assimetrias na digitalização da cultura: sociabilidade e memórias coletivas em torno da música popular no ciberespaço" (PPGMS-Unirio/ FAPERJ). Atua nas áreas de música popular, memória e patrimônio, antropologia da música e do som e etnomusicologia. Possui bacharelado em Sociologia e Política (FESP-SP) e especialização em Sociologia Urbana (UERJ).  É autora da tese: “Na trilha dos fonogramas com Charles Gavin: o álbum como artefato de memória da música no Brasil", do livro "Imagens que dão voz: memória da canção brasileira em documentários" e de artigos relacionados aos temas. Colabora como pesquisadora e professora no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS-Unirio).

  • Regina Abreu , Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Doutora em Antropologia Social (PPGAS-Museu Nacional) e possui Pós-Doutorado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Atuou como pesquisadora visitante do Instituto de Recherche Interdisciplinaire sur les Enjeux Sociaux-IRIS. Especialização em Recherches en Sciences Sociales (EHESS). É  Professora Associada da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Bolsista de Produtividade do CNPq 2; Integrante do Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Memória Social/UNIRIO. Líder do Grupo de Pesquisa CNPq “Memória, Cultura e Patrimônio”, Coordenadora do Projeto de Pesquisa “A Patrimonialização das Diferenças” (apoio CNPq), Coordenadora do “Observatório do Patrimônio Cultura do Sudeste” (apoio Faperj). Tem experiência na área de Antropologia Social nas interfaces com a Memória Social, o Patrimônio Cultural, os Museus, o Áudio-Visual e o Estudo de Trajetórias.

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Publicado

2021-09-13

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Gesto E miniaturização: O álbum fonográfico Como Artefato De memória Do Musicar”. 2021. Per Musi, nº 41 (setembro): 1-18. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2021.34826.