Autoetnografia
a trajetória de um professor de inglês em plataformas digitais de ensino
DOI:
https://doi.org/10.1590/1983-3652.2025.59089Palavras-chave:
Ensino de línguas online, Precarização do trabalho, Plataformização, Autoetnografia, NeoliberalismoResumo
O artigo tem como objetivo analisar criticamente os impactos da plataformização do ensino sobre a trajetória de um professor de inglês não nativo, a partir da perspectiva metodológica da autoetnografia. O estudo emprega a escrita reflexiva para articular experiências pessoais com discussões teóricas sobre a precarização do trabalho docente, a lógica neoliberal no ensino de línguas e as hierarquias linguísticas em ambientes digitais. O autor descreve sua transição da área de engenharia para o ensino de inglês, destacando os desafios enfrentados em plataformas digitais, como a exigência de autopromoção constante, a competição desigual com professores nativos e a mercantilização das relações pedagógicas. Os resultados apontam que, apesar da aparente flexibilidade, o modelo das plataformas impõe mecanismos de controle algorítmico, desvalorização profissional e pressão por desempenho baseado em métricas de mercado. Conclui-se que, embora o sistema acentue desigualdades e fragilize vínculos educativos, existem estratégias possíveis de resistência, como a atuação em nichos especializados e a valorização da identidade docente não nativa. A pesquisa contribui para os debates sobre o futuro do trabalho docente em ambientes digitais e para a construção de práticas pedagógicas mais críticas e significativas.
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