A escrita aprisionada: uma análise da produção de textos na escola

Abstract

Este trabalho objetiva analisar as condições de produção de texto escrito na escola e os textos produzidos por alunos da 3° série do 1°grau, pertencentes a diferentes níveis sócio-econômicos. Verificou-se que ecolas que atendem a clientelas diferewntes se assemelham em relação ao discurso sobre a redação da escola e em relaçao à metodologia aplicada nas salas de aula. Trata-se da verificação de um ritual pedagógico que nega a escrita enquanto processo interativo e faz com que o aluno desaprenda o uso efetivo de escrita e aprenda a simulação de um jogo: escrever é depender de...é repetir o discurso de outrem...é imitar. Dessa forma, os alunos produ­zem redações que se apresentam sem   textualidade e caracterizam-se como parafrásticas, contextualizadas e pre­visíveis. Essas escolas, no entanto, se diferenciam num aspecto fundamen­tal: a relação que o professor mantem com o aluno. A visão estereotipada, as expectativas negativas e o exercicio do poder verificados na escola que atende a camada desfavorecida repro­ duzem, nas salas de aula, as diferenças existentes nos planos econômico e so­cial. Verificou-se, portanto, que, sob o manto da neutralidade, o ensino de redação nas escolas vem perpetuando as diferenças de classes e colaborando para a discriminação das crianças das camadas desfavorecidas.