v. 28 n. 2 (2022): TEATRO BRASILEIRO: PERSPECTIVAS CRÍTICAS & TEÓRICAS
A forma dramática, em sentido restrito e talvez um pouco artificial, evidencia como sua base estruturante o diálogo instalado por personagens e, em larga medida, sem a intervenção de narradores. Nessa breve definição, é possível identificar ainda outras características vastamente relacionadas ao gênero teatral, tais como a sucessão linear e ininterrupta de acontecimentos no presente, as sequências organizadas por um encadeamento rigoroso dos fatos, a exposição de conflitos – de desejos contrários – entre as figuras dramáticas. Contudo, por vezes e de diferentes modos, as configurações montadas nas dramaturgias selecionam também elementos comumente associados ao lírico e ao épico, seja na voz dominante de um eu, seja na preferência pelos relatos sobre o pretérito, seja nas várias alternativas estruturantes caras às narrativas e aos poemas. Assim, observam-se com frequência certas expansões e alargamentos da forma dramática, desde o teatro grego e as criações de Ésquilo, Eurípides e Sófocles, passando pelo teatro elisabetano e as criações de William Shakespeare, chegando ao teatro político e as criações de Bertolt Brecht – limitando aqui a lista a somente esses nomes, porém reconhecendo a multiplicidade de dramaturgos e dramaturgas que ao longo dos séculos transgrediram, cada um a seu modo, a forma dramática.



