Gradações harmônicas no terceiro movimento do Quarteto de cordas n. 2 de György Ligeti

o conceito reavaliado de micropolifonia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37400

Palavras-chave:

György Ligeti, Quarteto de cordas, Gradação, Micropolifonia

Resumo

A partir da Lacrimosa, do Requiem, Ligeti modifica sua linguagem ao sair gradualmente da harmonia do cluster. Ele passa a inserir "buracos" na textura e a utilizar um número mais reduzido de instrumentos. Isto implica numa reavaliação da técnica da micropolifonia (utilizada em obras anteriores para grande massa sonora) e numa adaptação desta textura ao novo contexto. As consequências destas mudanças, para a percepção, são evidentes; isto torna possível a audição de muitos detalhes da trama sonora que ficavam submersos nos tecidos sonoros de obras como Apparitions, Atmosphères e o Requiem. Na nossa análise, mostramos como acontece esse processo no terceiro movimento do seu Quarteto de cordas no 2. Baseamos nosso estudo na ideia de que o conceito de gradação serve como elemento central na construção da música.

Biografia do Autor

  • Claudio Vitale, Universidade Estadual do Paraná

    Possui Licenciatura em Harmonia, Contraponto e Morfologia Musical, e Bacharelado em Composição pela Faculdade de Belas Artes (FBA) da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), Argentina; Mestrado em Música (bolsa CAPES) e Doutorado em Música (Bolsas CAPES e FAPESP) pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Brasil; Pós-doutorado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP); Pós-doutorado (Bolsa CAPES, Programa Ciência sem Fronteiras) no Laboratório de Excelência GREAM (Grupo de Pesquisas Experimentais sobre o Ato Musical), da Universidade de Estrasburgo; Pós-doutorado (Bolsa PNPD da CAPES) na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Foi Professor na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Atualmente, é Professor na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), pertencente à Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Suas principais áreas de atuação são Teoria, Harmonia, Contraponto, Análise Musical e Composição

Referências

Bernard, Jonathan W. 1987. “Inaudible structures, audible music: Ligeti’s problem, and his solution.” Music Analysis (Chichester) 6 (3): 207–236.

_________________. 1994. “Voice leading as a spatial function in the music of Ligeti.” Musical Analysis (Chichester) 13 (2-3): 227–253.

Caznok, Yara Borges. 2003. Música: entre o audível e o visível. São Paulo, SP: Editora UNESP.

Clendinning, Jane Piper. 1993. “The pattern-meccanico compositions of György Ligeti.” Perspectives of New Music (Seattle) 31: 192–234.

Delaplace, Joseph. 2007. György Ligeti: un essai d’analyse et d'esthétique musicales. Rennes: Presses Universitaires de Rennes.

Dubois, Jean. 2011. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix.

Escot, Pozzi. 1988. “‘Charm’d magic casements’, mathematical models in Ligeti.” Sonus 9 (1): 17–37.

Ferraz, Silvio. 1990. “Análise e percepção textural.” Cadernos de estudo: análise musical, São Paulo 3: 68–79.

Fessel, Pablo. 2001. “Forma y concreción textural en ‘Apparitions’” (1958-59) de György Ligeti. Revista del Instituto Superior de Música, Santa Fé 11: 53–87.

Fontanier, Pierre. 1977. Les figures du discours. Paris: Flammarion.

Hicks, Michael. 1993. “Interval and form in Ligeti’s ‘Continuum’ and ‘Coulée.’” Perspectives of new music 31 (1): 172–190.

Iverson, Jennifer Joy. 2009. “Historical memory and György Ligeti’s sound-mass music 1958-1968.” Tese de Doutorado, The University of Texas at Austin.

Ligeti, György. 2001. Neuf essais sur la musique. Genève: Contrechamps.

___________. 2013. L'atelier du compositeur. Genève: Contrechamps Éditions.

Manzolli, Jônatas e Luvizotto, André Luiz. 2015. “Análise de ‘Ramifications’ de Ligeti utilizando Transformada Wavelet.” Nics Reports 10.

Michel, Pierre. 1995. György Ligeti. Paris: Minerve.

Moisés, Massaud. 2004. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix.

Molinié, Georges. 1992. Dictionnaire de rhétorique. Paris: Librairie Générale Française.

Morrison, Charles Douglas. 1985. “Stepwise continuity as a structural determinant in György Ligeti’s ‘Ten Pieces for wind quintet.’” Perspectives of new music 24 (1): 158–182.

Poirier, Alain. 1996. “György Ligeti: l'enjeu thématique dans le ‘Deuxième quatuor à cordes.’” Musurgia 3 (4): 45–54.

Power, Richard. 1995. "An analysis of transformation procedures in György Ligeti’s ‘String Quartet no 2.’” Tese de Doutorado, Urbana-Champaign, Illinois: University of Illinois at Urbana-Champaign.

Prost, Christine. 1991. “György Ligeti: ‘Lux Aeterna’, pour chœur mixte a cappella.” Analyse musicale 25: 37–51.

Reiprich, Bruce. 1978. “Transformation of coloration and density in György Ligeti’s ‘Lontano.’” Perspectives of New Music 16 (2): 167–180.

Roig-Francolí, Miguel A. 1995. “Harmonic and formal processes in Ligeti’s net-structure compositions.” Music theory spectrum 17 (2): 242–267.

Sabbe, Herman. 1980-81. “Techniques médiévales en musique contemporaine: histoire de la musique et sens culturel.” Revue belge de Musicologie 34: 220–233.

Sapir, Edward. 1949. “Grading: a study in semantics.” In Selected writings of Edward Sapir in language, culture and personality, editado por David G. Mandelbaum, 122-149. Berkeley: University of California Press

Schaeffer, Pierre. 1966. Traité des objets musicaux. Paris: Seuil.

Straus, Joseph Nathan. 2005. Introduction to post-tonal theory. Upper Saddle River, New Jersey: Pearson/ Prentice Hall.

Souza, Allan Christian Domingues. 2019. “A tríplice confluência histórico-técnica no conceito de micropolifonia de György Ligeti (1957-1967): a concepção de um estilema tecnomórfico híbrido.” Tese de Doutorado, São Paulo, SP: Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes.

Toop, Richard. 1990. “L’illusion de la surface.” Contrechamps 12–13: 61–97.

Vitale, Claudio H. 2008. “‘Dez peças para quinteto de sopros’ de György Ligeti: A gradação como uma ferramenta para a construção do discurso musical.” Dissertação de Mestrado, São Paulo, SP: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

_____________. 2013. “A gradação nas obras de György Ligeti dos anos sessenta.” Tese de Doutorado, São Paulo, SP: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

_____________. 2016a. “Gradação visual na música micropolifônica de György Ligeti.” Ouvirouver 12: 390-405.

_____________. 2016b. “Bewegungsfarbe e cânone sobressaturado: ‘Atmosphères’ de György Ligeti.” Revista Vórtex 4 (2): 1-17.

______________. 2017. “A gradação e sua relação com as estruturas do discurso, as formas visuais e os processos musicais”. Art Research Journal 4: 1-20.

______________. 2018. “‘Dix pièces pour quintette à vent’ de György Ligeti: brièveté, allusion, geste et mouvement graduel.” Musimédiane 9: 1-30.

Publicado

2022-09-15

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“Gradações harmônicas No Terceiro Movimento Do Quarteto De Cordas N. 2 De György Ligeti : O Conceito Reavaliado De Micropolifonia”. 2022. Per Musi, nº 42 (setembro): 1-26. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37400.