Gênero e música barroca

Autores

  • Suzanne Cusick Universidade de Nova York
  • Silvana Scarinci Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2009.54484

Palavras-chave:

Música Barroca, Música e Estudos de Gênero, Cortesãs, Castrati

Resumo

Na Europa dos séculos XVII e XVIII, a cultura musical e aquilo que os antropólogos denominam de “sistema de sexo/gênero” eram áreas importantes para seres humanos comuns (e não filósofos) confrontarem e se engajarem com as ansiedades epistemológicas e sociais que caracterizavam a era. Este ensaio deverá explorar a miríade de relações entre gênero e cultura musical barroca, com ênfase especial nos aspectos mais exóticos destas relações – os papéis adotados pelas cortesãs, castrati e seus patrões da mais alta elite com o intuito de manter a prática musical como um meio para a representação e circulação de poder e desejo.

Biografia do Autor

  • Suzanne Cusick, Universidade de Nova York

    Suzanne Cusick é professora de Música da New York University, instituição na qual atualmente coordena o Programa de Pós-Graduação em Música. Ph.D. em Música pela University of North Carolina (1975) e bacharel em Belas Artes pela Newcomb College (1969), a pesquisadora publicou importantes trabalhos nas seguintes áreas: a relação entre o fazer musical, identidade e corporeidade; abordagens feministas sobre história e crítica musical; estudos sobre homossexualismo e música. Em breve publicará, pela University of Chicago Press, uma monografia sobre Francesca Caccini, cantora, professora e compositora italiana do início do século XVII. Recebeu algumas das mais importantes bolsas de estudos internacionais, como o Frederick Burkhardt Residential Fellow at Villa I Tatti e bolsa para desenvolver pesquisa na Harvard University Center for Italian Renaissance Studies (2001-2002). Foi coordenadora do Gay and Lesbian Study Group da American Musicological Society e integrou o corpo editorial do periódico dessa associação.

  • Silvana Scarinci, Universidade Federal de Minas Gerais

    Silvana Scarinci realiza um pós-doutorado na UFMG, onde se dedica à pesquisa e ensino das teorias e práticas relacionadas à música barroca. Em 2008 publica o livro Safo Novella: uma poética do abandono nos lamentos de Barbara Strozzi (Veneza 1619-1677), pelas editoras EDUSP/Algol. O livro é acompanhado de um CD com Marília Vargas, Luís Otávio Santos, André Cavazotti, Silvana Scarinci e Sérgio Álvares. Em 2001, fundou o grupo Anima Fortis, grupo especializado em música escrita por mulheres do período Barroco, o qual foi premiado pela associação norte-americana Early Music América em 2002. Tem participado de várias produções de ópera barroca no Brasil e Estados Unidos, destacando-se I lavori persi sob a direção de Nigel North, apresentado em 2002 no Bloomington Early Music Festival, EUA; Combattimento di Tancredi e Clorinda (Nicolau de Figueiredo dirigindo a Camerata Antiqua de Curitiba) e L’Orfeo de Monteverdi, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sob direção de Marcelo Fagerlande. Foi coordenadora científica da I Semana de Música Antiga da UFMG: barroco em contexto (novembro de 2007) e coordena a série Música Antiga no Casarão (Campinas, 2008).

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Publicado

2025-03-26

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