Vozes Griôs no Ensino de Química: Uma Proposta de Diálogo Intercultural
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u919947Palavras-chave:
ensino de química, quilombo, saberes tradicionaisResumo
Este artigo se configura como uma pesquisa participante, portanto, uma pesquisa pensada para transformação social na qual pesquisador e comunidade intervém juntos em uma demanda da própria comunidade. Cabe salientar que um dos pesquisadores é quilombola. Assim, objetivou-se discutir a seguinte questão: como saberes e fazeres tradicionais de matriz africana dialogam com o ensino de química? Para responder essa questão desenvolvemos um trabalho em comunidades quilombolas (kalungas) do Estado de Goiás, primeiro, ouvindo e aprendendo sobre conhecimentos tradicionais mobilizados pelos Griôs, bem como sobre suas demandas e, em seguida, planejando intervenções pedagógicas intentando estabelecer um diálogo entre esses saberes e a ciência escolar (química). Nossos resultados mostraram ser possível concatenar saberes tradicionais e o conhecimento químico, possibilitando a valorização da ciência de matriz africana culminando na proposição de uma sequência didática e reflexões acerca da mesma que podem orientar a prática docente, especialmente no âmbito da Educação Escolar Quilombola.
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