Educação CTS e Educação STEM: Uma Análise Comparativa
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2025u103131Palavras-chave:
abordagens STEM, CTS, Pedagogia Histórico-CríticaResumo
Há algum tempo são disseminadas pelo mundo as chamadas abordagens STEM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics), chegando também ao Brasil, sendo difundidas nos eventos, publicações em revistas e em sites educacionais, artigos, dissertações e teses. O objetivo deste trabalho foi analisar as abordagens STEM à luz das premissas estabelecidas pelo Movimento CTS e pela Pedagogia Histórico-Crítica. A pesquisa foi baseada nas abordagens qualitativas e a coleta de dados foi realizada por meio do levantamento de artigos, dissertações, teses, livros e capítulos de livros. Para análise dos dados adotamos o ciclo analítico proposto por Robert Yin. Nos resultados apresentamos características demarcadoras de STEM e identificamos aproximações e distanciamentos em relação à Educação CTS. Argumentamos que uma das principais diferenças entre as referidas correntes está na perspectiva crítica assumida pela Educação CTS, pelo menos no contexto latino-americano, correspondendo a uma proposta curricular vislumbrando o exercício pleno da cidadania, principalmente no que diz respeito à participação social e aos interesses ligados à transformações da sociedade, contrastada com a perspectiva pragmática, economicista e mercadológica típica dos projetos STEM, sinalizando para uma educação que direciona os estudantes prioritariamente para suas escolhas profissionais, no sentido de atendimento às demandas específicas estabelecidas pela economia e pelo mercado de trabalho.
Referências
Aikenhead, G. S. (2005). Educación Ciencia-Tecnología-Sociedad (CTS): una buena idea como quiera que se le llame. Educación Quimica, 16(2), 114–124. https://doi.org/10.22201/fq.18708404e.2005.2.66121
Aikenhead, G. S. (1990). Science-technology-society Science education development: from curriculum policy to student learning. In Conferência Internacional sobre Ensino de Ciências para o Século XXI: ACT – Alfabetização em Ciência e Tecnologia, Brasília.
Auler, D. (2013). Articulação entre pressupostos do educador Paulo Freire e do Movimento CTS: novos caminhos para a Educação em Ciências. Contexto & Educação, 22(77), 167–188. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2007.77.167-188
Bacich, L., & Holanda, L. (2020). STEAM: integrando as áreas para desenvolver competências. In L. Bacich, & L. Holanda, L. (Ed.), STEAM em sala de aula (pp. 1–12). Penso.
Basile, V., & Azevedo, F. S. (2022). Ideology in the mirror: A loving (self) critique of our equity and social justice efforts in STEM education. Science Education, 106, 1084–1096. https://doi.org/10.1002/sce.21731
Bogdan, R. C., & Biklen, S. K. (2010). Investigação qualitativa em educação. Porto Editora.
Cachapuz, A., Paixão, F., Lopes, B. E, & Guerra, C. (2008). Pesquisa em Educação em Ciências e o Caso CTS. Alexandria Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 1(1), 27–49.
Campos, R. S. P. (2017). A perspectiva histórico-crítica e prática docente de ensino de Biologia (Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Bauru, São Paulo). Repositório Institucional UNESP. http://hdl.handle.net/11449/152028
Chrispino, A. (2017). Introdução aos enfoques CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade: na educação e no ensino. Edições OEI.
Coelho, L. J., & Campos, L. M. L. (2022). Pesquisa em ensino de ciências no Brasil: produção, divulgação e influências teóricas. In L. M. L. Campos, & R. E. S. Diniz (Ed.), Ensino de Ciências e Pedagogia Histórico-Crítica (pp. 17–44). Livraria da Física.
Colucci-Gray, L., Burnard, P., Gray, D., & Cooke, C. (2019). A critical review of STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts, and Mathematics). Oxford Research Encyclopedia of Education.
Conrado, D. M., & Nunes-Neto, N. (2018). Questões sociocientíficas e dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais dos conteúdos no ensino de ciências. In D. M. Conrado, & N. Nunes-Neto. (Ed.). Questões sociocientíficas: fundamentos, propostas de ensino e perspectivas para ações sociopolíticas (pp. 77–118). EDUFBA. https://doi.org/10.7476/9788523220174.0005
Dowbor, L. (2017). A era do capital improdutivo: por que oito famílias têm mais riqueza do que a metade da população do mundo? Outras Palavras.
Furtado, M. K. (2023). O estado da arte da educação STEAM por meio do bibliometrix [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual do Paraná, Curitiba, Paraná.
García-Carmona, A. (2023). Integración de la ingeniería en la educación científico-tecnológica desde un prisma CTS. Enseñanza de las Ciencias, 41(1), 25–41. https://doi.org/10.5565/rev/ensciencias.5611
Liporini, T. Q., & Diniz, R. E. S. (2022). Biologia e ensino de Biologia: identificando elementos das principais ideias pedagógicas brasileiras à luz da PHC. In L. M. L. Campos, & R. E. S. Diniz (Ed.), Ensino de Ciências e Pedagogia Histórico-Crítica (pp. 107–156). Livraria da Física.
Lorenzin, M. P. (2019). Sistemas de atividade, tensões e transformações em movimento na construção de um currículo orientado pela abordagem STEAM (Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo). Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81133/tde-10122019-155229/
Maestrelli, S. G., & Lorenzetti, L. (2021). A abordagem CTSA nos anos iniciais do ensino fundamental: contribuições para o exercício da cidadania. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Matemática, 4(1), 14–57. https://doi.org/10.5335/rbecm.v4i1.11608
Maia, D. L., Carvalho, R. A., & Appelt, V. K. (2021) Abordagem STEAM na educação básica brasileira: uma revisão de literatura. Revista Tecnologia e Sociedade, 17(49), 68–88. https://doi.org/10.3895/rts.v17n49.13536
Malheiros, B. T. (2011). Metodologia da pesquisa em educação. LTC.
Martínez Pérez, L. F. (2012). Questões sociocientíficas na prática docente: ideologia, autonomia e formação de professores. Editora UNESP.
Moreira, M. A. (2018). O ensino de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no século XXI. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, 11(2), 224–233. http://dx.doi.org/10.3895/rbect.v11n2.8416
Ortiz-Revilla, J., Sanz-Camarero, R., & Greca, I. M. (2021). Una mirada crítica a los modelos teóricos sobre educación STEAM integrada. Revista Iberoamericana de Educación, 87(2), 13–33. https://doi.org/10.35362/rie8724634
Pedretti, E., & Nazir, J. (2011). Currents in STSE Education: Mapping a Complex Field, 40 Years On. Science Education, 95(4), 601–626. https://doi.org/10.1002/sce.20435
Perales-Palacios, F. J., & Aguilera, D. (2020). Ciencia-Tecnología-Sociedad vs. STEM: ¿evolución, revolución o disyunción? Revista de Educación Científica, 4(1), 1–15. https://doi.org/10.17979/arec.2020.4.1.5826
Pinheiro, N. A. M., Silveira, R. M. C. F., & Bazzo, W. A. (2007). Ciência, tecnologia e sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do ensino médio. Ciência & Educação, 13(1), 71–84.
Pugliese, G. O. (2017). Os modelos pedagógicos de ensino de ciências em dois programas educacionais baseados em STEM (Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo). Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2017.998866
Pugliese, G. O. (2021). STEM education no contexto das reformas educacionais: os efeitos das políticas de educação globalizantes no currículo e na profissionalização docente (Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo). Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. https://doi.org/10.11606/T.48.2022.tde-17032022-110235
Pugliese, G. O. (2020a). STEM education: um panorama e sua relação com a educação brasileira. Currículo sem Fronteiras, 20(1), 209–232. https://doi.org/10.35786/1645-1384.v20.n1.12
Pugliese, G. O. (2020b). Um panorama do STEAM education como tendência global. In L. Bacich, & L. Holanda (Eds.), STEAM em sala de aula (pp. 13–28). Penso.
Sánchez, D. L. V., & García-Martinez, A. (2021). Educación STEM, um campo de investigacíon emergente: análisis bibliométrico entre 2010–2020. Investigações em Ensino de Ciências, 26(3), 195–219. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2021v26n3p195
Sanders, M. (2009). STEM, STEM Education, STEMmania. The Technology Teacher, 68(4), 20–26. https://eric.ed.gov/?id=EJ821633
Santos, M. (1998). O espaço do cidadão. Nobel.
Santos, W. L. P. (2008). Educação científica humanística em uma perspectiva freireana: resgatando a função do ensino de CTS. Alexandria, 1(1), 109–131. https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/37426
Santos, W. L. P. (2011). Significados da educação científica com enfoque CTS. In W. L. P. Santos, & D. Auler (Eds.), CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisa (pp. 21–48). Editora UnB.
Santos, W. L. P., & Auler, D. (2011). CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisa. Editora UnB.
Santos, W. L. P., & Mortimer, E. F. (2000). Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência – Tecnologia – Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio - Pesquisa em Educação em Ciências, 2(2), 110–132.
Saviani, D. (2019). Pedagogia Histórico-Crítica, quadragésimo ano: novas aproximações. Autores Associados.
Saviani, D. (2013). A Pedagogia Histórico-Crítica, as lutas de classe e a Educação Escolar. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, 5(2), 25–46. https://doi.org/10.9771/gmed.v5i2.9697
Saviani, D. (2011). Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Autores Associados.
Saviani, D. (1999). Escola e democracia. Autores Associados.
Silva, P. B. C. (2015). Ciência, tecnologia e sociedade na América Latina nas décadas de 60 e 70: análise de obras do período (Dissertação de Mestrado, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro). CEFET/RJ. https://dippg.cefet-rj.br/ppcte/attachments/article/81/2015%20-%20CI%C3%8ANCIA,%20TECNOLOGIA%20E%20SOCIEDADE%20NA%20AM%C3%89~.pdf
Strider, R. B. (2012). Abordagens CTS na Educação Científica no Brasil: sentidos e perspectivas (Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo). Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-13062012-112417/publico/Roseline_Beatriz_Strieder.pdf
Teixeira, P. M. M. (2003). Educação científica e Movimento CTS no quadro das tendências pedagógicas no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 3(1), 88–102. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4114
Teixeira, P. M. M. (2003a). Temas emergentes em educação científica. Edições UESB.
Teixeira, P. M. M. (2003b). A educação científica sob a perspectiva da pedagogia histórico-crítica e do movimento C.T.S. no ensino de ciências. Ciência & Educação, 9(2), 177–190. https://doi.org/10.1590/S1516-73132003000200003
Teixeira, P. M. M. (2020). Movimento CTS: estudos, pesquisas e reflexões. CRV.
Teixeira, P. M. M. (2023). Políticas, investigações e práticas em Educação CTS: um panorama brasileiro. Indagatio Didactica, 15(1), 329–342.
Teixeira, P. M. M. (2024). Movimento CTS como um programa de pesquisa dentro da área de Educação em Ciências. Alexandria, 17, e92821, 1–26. https://doi.org/10.5007/1982-5153.2024.e93821
Toma, R. B., & García-Carmona, A. (2021). De STEM nos gusta todo menos STEM. Análisis crítico de una tendencia educativa de moda. Enseñanza de Las Ciencias, 39(1), 65–80. https://doi.org/10.5565/rev/ensciencias.3093
Yin, R. K. (2016). Pesquisa qualitativa do início ao fim. Penso.
Zauith, G., & Hayashi, M. C. P. I. (2011). A apropriação do referencial teórico de Paulo Freire nos estudos sobre educação CTS. Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade, 2(1), 278–292. https://www.revistabrasileiradects.ufscar.br/index.php/cts/article/view/129
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Iasmim Santana Andrade, Paulo Marcelo Marini Teixeira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores são responsáveis pela veracidade das informações prestadas e pelo conteúdo dos artigos.
Os autores que publicam neste periódico concordam plenamente com os seguintes termos:
- Os autores atestam que a contribuição é inédita, isto é, não foi publicada em outro periódico, atas de eventos ou equivalente.
- Os autores atestam que não submeteram a contribuição simultaneamente a outro periódico.
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à RPBEC o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores atestam que possuem os direitos autorais ou a autorização escrita de uso por parte dos detentores dos direitos autorais de figuras, tabelas, textos amplos etc. que forem incluídos no trabalho.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo, publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após a publicação visando aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Em caso de identificação de plágio, republicação indevida e submissão simultânea, os autores autorizam a Editoria a tornar público o evento, informando a ocorrência aos editores dos periódicos envolvidos, aos eventuais autores plagiados e às suas instituições de origem.
