Vozes Griôs no Ensino de Química: Uma Proposta de Diálogo Intercultural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u919947

Palavras-chave:

ensino de química, quilombo, saberes tradicionais

Resumo

Este artigo se configura como uma pesquisa participante, portanto, uma pesquisa pensada para transformação social na qual pesquisador e comunidade intervém juntos em uma demanda da própria comunidade. Cabe salientar que um dos pesquisadores é quilombola. Assim, objetivou-se discutir a seguinte questão: como saberes e fazeres tradicionais de matriz africana dialogam com o ensino de química? Para responder essa questão desenvolvemos um trabalho em comunidades quilombolas (kalungas) do Estado de Goiás, primeiro, ouvindo e aprendendo sobre conhecimentos tradicionais mobilizados pelos Griôs, bem como sobre suas demandas e, em seguida, planejando intervenções pedagógicas intentando estabelecer um diálogo entre esses saberes e a ciência escolar (química). Nossos resultados mostraram ser possível concatenar saberes tradicionais e o conhecimento químico, possibilitando a valorização da ciência de matriz africana culminando na proposição de uma sequência didática e reflexões acerca da mesma que podem orientar a prática docente, especialmente no âmbito da Educação Escolar Quilombola.

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Biografia do Autor

Marciano Alves dos Santos, Universidade Federal de Goiás

Licenciado e Mestre em Química pela Universidade Federal de Goiás  em Goiania- GO. É o primeiro quilombola Mestre em Química da UFG.

Marysson Camargo, Universidade Federal de Goiás

Doutorando em Química e bolsista Capes no Programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás. Mestre em Química pelo mesmo programa com dissertação defendida na área de Ensino de Química. Licenciado em Química pela Universidade Federal de Goiás onde foi aluno de iniciação científica PIBIC no Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão. Participou do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) no subprojeto Química da UFG-Campus Samambaia entre 2014 e 2015. Pesquisador em Educação em Ciências com foco no Ensino de Química, mais especificamente na Educação para as Relações Étnico-Raciais e a operacionalização da Lei 10639/03 (História e Cultura Africana e Afro-brasileira) no Ensino de Ciências/Química.

Anna M. Canavarro Benite, Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão- LPEQI

Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005), Mestrado em Ciências (Química Inorgânica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), Licenciatura em Química e Graduação em Química Habilitação Tecnológica pela pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de Goiás.Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão- LPEQI da UFG.Coordenadora da Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisas em Educação Inclusiva-l RPEI. Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de Ciências.Assessora da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás. Atua na área de Ensino de Química com foco nos seguintes temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana, ensino de ciências e as necessidades educativas especiais, cibercultura na educação inclusiva e pesquisa em formação inicial e continuada de professores de química.

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Publicado

2020-09-08

Como Citar

Santos, M. A. dos, Camargo, M. J. R. C., & Benite, A. M. C. (2020). Vozes Griôs no Ensino de Química: Uma Proposta de Diálogo Intercultural. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 20(u), 919–947. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u919947

Edição

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Artigos