A democracia e(m) suas tensões constitutivas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2525-8036.2024.56740

Palavras-chave:

Democracia, Legitimidade, Constituição democrática, Unidade e diversidade, Tensões constitutivas

Resumo

A democracia desperta as análises e disputas das mais apaixonadas e apaixonantes. Tomando-a como a forma política da unidade em diversidade, o presente ensaio explora uma proposta teórica que a compreende como sendo uma projeção de uma determinada visão de sujeito na coletividade. Disso decorre que a experiência democrática é fundamentada em uma certa perspectiva que lhe dá sentido e que precisa ser compartilhada na comunidade, mas se justifica na abertura a inúmeros futuros possíveis a partir das decisões que são tomadas por cidadãos considerados em igual liberdade. Nesses termos, ela se apresenta a partir de algumas tensões que lhe são constitutivas, como aquelas entre igualdade e liberdade, soberania e poder limitado, unidade e diversidade, dentre outras, que lhe dão vida e movimento. Como percurso, o ensaio inicia-se buscando situar a questão central que será abordada, diante de algumas das possibilidades do debate acerca do tema. Na sequência explora a relação da democracia com outras formas políticas, particularmente com o Estado de Direito. Nessa esteira, concentra-se nas circunstâncias e consequências da aproximação entre elas, ocorrida na formação do Estado Social de Direito, momento em que se conforma o tipo histórico constituição democrática. Por fim, se encaminha para refletir a respeito das tensões constitutivas da democracia, de suas condições de possibilidade e de alguns de seus desafios.

Downloads

Biografia do Autor

  • Raoni Macedo Bielschowsky, Universidade Federal de Minas Gerais

    Professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. Membro do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG (PPGD/UFMG). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2316-3534. Contato: raonibielschowsky@ufmg.br.  

Referências

ALVAREZ, Mike, CHEIBUB, José Antônio, LIMONGI, Fernando; PRZEWORSKI, Adam. Classifying political regimes. Studies In Comparative International Development Article, v. 31, p. 3-36, 1996. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/BF02719326. Acesso em: 24 dez. 2024.

ARISTÓTELES. Política. Trad. António Campelo Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Lisboa: Vega Universidade/Ciências Sociais e Políticas, 1998.

ARTURI, Carlos S. O debate teórico sobre mudança de regime político: o caso brasileiro. Revista de Sociologia e Política, n. 17, p. 11–31, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsocp/a/hSnBWMwB7BxnWhSxRT935KB/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24 dez. 2024.

BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Regimes políticos. São Paulo: Ed. Resenha Universitária, 1977.

BERCOVICI, Gilberto. Constituição e Estado de exceção permanente: atualidade de Weimar. Rio de Janeiro: Azougue Editoral, 2004.

BIELSCHOWSKY, Raoni. Cultura Constitucional. São Paulo: Dialética, 2024.

BIELSCHOWSKY, Raoni. Democracia Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2013.

BIELSCHOWSKY, Raoni. Elemento vital e garantia interna da Constituição: vontade de constituição, sentimento constitucional e patriotismo constitucional. Revista Direito, Estado e Sociedade, n. 59, 2021. Disponível em: https://revistades.jur.puc-rio.br/index.php/revistades/article/view/1260. Acesso em: 24 dez. 2024.

BIELSCHOWSKY, Raoni. Vontade geral vs. Vontade de todos: do que é a Democracia? In: SALGADO, Karine; HORTA, José Luiz Borges. Razão e poder: (re)leituras do político na filosofia moderna. Belo Horizonte: Initia Via, 2016, p. 257-282.

BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Trad. Luiz Sérgio Henriques. São Paulo: Edipro, 2017.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 2. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

BÖCKENFÖRDE, Ernst-Wolfgang. História da filosofia do direito e do Estado: antiguidade e idade média. Trad. Adriana Beckman Meirelles. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2012.

BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.

CHUEIRI, Vera Karam; GODOY, Miguel. Constitucionalismo e Democracia – soberania e poder constituinte. Revista Direito GV, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 159-174, 2010. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/revdireitogv/article/view/24214. Acesso em: 24 dez. 2024.

COSTA, Pietro. O Estado de Direito: uma introdução histórica. In: ZOLO, Danilo; COSTA, Pietro (org.). O Estado de Direito: história, teoria e crítica. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 95-198.

COSTA, Pietro. Poucos, muitos, todos: lições de história da democracia. Curitiba: Editora UFPR, 2012.

DANTAS, Ivo. Teoria do Estado contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão e dominação. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

FIORAVANTI, Maurizio. Estado y constitución. In: FIORAVANTI, Maurizio. El Estado moderno en Europa: instituciones y derecho. Trad. Manuel Martínez Neira. Madri: Trotta, 2004, p. 13-43.

GARGARELLA, Roberto. As teorias da justiça depois de Rawls: um breve manual de filosofia política. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008.

HELLER, Hermann. Democracia política y homogeneidad social. In: HERMANN, Hermann. Escritos políticos. Trad. Salvador Gómez de Arteche. Madri: Alianza Universidad, 1985, p. 257-268.

HELLER, Hermann. ¿Estado de Derecho o Dictadura? In: HELLER, Hermann. Europa y el Fascismo. Trad. Francisco J. Conde. Granada: Comares, 2006, p. 117-135.

HELLER, Hermann. Teoría del Estado. Trad. Luís Tobio. México: FCE, 1998.

HORTA, José Luiz Borges. História do Estado de Direito. São Paulo: Alameda, 2011.

MATOS, Manuel João. Rousseau e a lógica democrática. Lisboa: Edições Colibri, 2008.

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Mário e Celestino da Silva. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2019.

MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron. O espírito das leis. Trad. Cristina Murachco. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

MENEZES, Aderson. Teoria Geral do Estado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984.

NEUMANN, Franz L. The decay of German democracy. In: NEUMANN, Franz L.; KIRCHHIMER, Otto; SCHEURMAN, William E. (ed.). The Rule of Law under siege. University of California Press: Berkeley, 1996, p. 29-43.

NICOLAU, Jairo. História do voto no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

PINTO FERREIRA, Luís. Teoria Geral Estado – v. 1. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1975.

RIBEIRO, Deivide. Constitucionalismo negro: entre os imperativos sistêmicos do capitalismo, o silêncio na Constituinte Republicana de 1890/91 e as expectativas normativas da população negra em torno da cidadania. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, UFMG, Belo Horizonte, 2023, 235 f.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social: princípios do direito político. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

SALDANHA, Nelson. O Estado moderno e separação de poderes. 2. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2010.

SARTORI, Giovanni. A política. Trad. Sérgio Bath. 2. ed. Brasília: Editora UnB, 1997.

SARTORI, Giovanni. Philosophy, Theory and Science of Politics. Political Theory, v. 2, i. 2, p. 133-162, 1974. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/009059177400200202. Acesso em: 24 dez. 2024.

TAVAROLI, Bianca. Origens da Juridificação: Direito e Teoria Crítica. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019, 326 f.

TAYLOR, Charles. Fontes do Self: a construção da identidade moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Dinah de Abreu Azevedo. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

TAYLOR, Charles. Propósitos entrelaçados: o debate liberal-comunitário. In: TAYLOR, Charles. Argumentos filosóficos. São Paulo, Edições Loyola, 2000.

VITA, Letícia. La legitimidad del Derecho y del Estado en el pensamiento jurídico de Weimar: Hans Kelsen, Carl Schmitt y Hermann Heller. Buenos Aires: Eudeba, 2014.

ZOLO, Danilo. Teoria e crítica do Estado de Direito. In: ZOLO, Danilo; COSTA, Pietro (org.). O Estado de Direito: história, teoria e crítica. Trad. Carlos Alberto Dastoli. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 3-94.

Downloads

Publicado

27-12-2024

Como Citar

BIELSCHOWSKY, Raoni Macedo. A democracia e(m) suas tensões constitutivas. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p. 1–26, 2024. DOI: 10.35699/2525-8036.2024.56740. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e56740. Acesso em: 27 jul. 2025.

Artigos Semelhantes

1-10 de 61

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.