Legendagem: uma atividade na aula de japonês

Autores/as

  • Kyoko Sekino Universidade de Brasília
  • Sueleni Vitória Rodrigues Takahashi Força Aérea Brasileira

DOI:

https://doi.org/10.17851/1983-3652.11.1.60-81

Palabras clave:

aula de japonês, legendagem, tradução, processo, ambiente cognitivo.

Resumen

RESUMO: Este trabalho trata do processo de legendagem para a L1 do par linguístico japonês (L2) – português-brasileiro (L1), realizado pelos alunos de uma disciplina de língua japonesa em um curso superior em 2016. Tem por objetivo a descrição e análise do processo de legendagem, bem como a identificação dos fatores influentes e das mudanças ocorridas durante esse processo. Segundo Gutt (2004), congruente à Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON, 1986), o tradutor assume a metarrepresentação da comunicação, entre o autor do texto original e os leitores, por criar um ambiente cognitivo diferente da primeira comunicação. Aplicando-se essa visão para a nossa legendagem, em que cada etapa do processo tem um ambiente cognitivo diferente, a depender das peculiaridades de cada instância do processo, especialmente nesse caso em que os alunos de aprendizagem de japonês realizam a legendagem. Assim, foram identificadas cinco diferentes etapas, a saber: transcrição em hiragana; “semantização” com kanji; tradução da qualidade de rascunho; refinamento de tradução e, enfim, legendagem. Identificamos, após nossa análise, alguns fatores distintos que influenciam o processo da legendagem, os quais são: discrepância na ordem das palavras entre japonês e português-brasileiro; diversidades das vozes no vídeo e familiarização da tarefa por parte dos legendistas-alunos. Os resultados evidenciam que houve casos de inversão de ordem das palavras, encurtamento e alongamento das frases e outras peculiaridades. De acordo com a postulação de Gutt, observamos que cada etapa cria um ambiente cognitivo específico; logo, o produto reflete essa mudança. Concluímos que a legendagem é um exercício profícuo para os alunos de língua japonesa, visto que há várias atividades envolvidas, as quais desenvolvem a capacidade de meta-análise.

PALAVRAS-CHAVE: aula de japonês; legendagem; tradução; processo; ambiente cognitivo.

 

ABSTRACT: This work deals with the L1 subtitling process of the linguistic pair of Japanese (L2) – Brazilian-Portuguese (L1), carried out by the students of a Japanese language course in an university in 2016. The purpose is to describe and analyse the subtitling process as well as the identification of the influencing factors and the changes that occurred during this process. According to Gutt (2004), congruent with Relevance Theory (SPERBER & WILSON, 1986), the translator assumes the meta-representation of the representation of communication between the author of the original text and the readers, creating a cognitive environment different from the first communication. Applying this vision to our subtitling process, where each stage of the process has a different cognitive environment, depending on the peculiarities of each instance of the process, especially in this case where the Japanese learners perform the subtitling. Thus, five different steps were identified: hiragana transcription; “semantization” with kanji; draft quality translation; translation refinement and, finally, subtitling. We identified, after our analysis, some distinct factors that influence the subtitling process, which are: discrepancy in word order between Japanese and Brazilian-Portuguese; diversities of voices in the video and familiarization of the task by the student-subtitlers. The results show that there were cases of word inversion, shortening and lengthening of sentences and other peculiarities. According to Gutt's postulation, we observe that each step creates a specific cognitive environment; therefore, the product reflects this change. We conclude that subtitling is an useful exercise for students of the Japanese language course, since there are several activities involved to develop the capacity of meta-analysis.

KEYWORDS: japanese class; subtitling; translation; process; cognitive environment.

Biografía del autor/a

  • Kyoko Sekino, Universidade de Brasília
    Instituto de Letras, Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília desde 2009

Referencias

ATKINSON, D. The mother tongue in the classroom: a neglected resource? ELT Journal, v. 41, n. 4, October, 1987, p. 241-247.

ALVES, F. Esforço cognitivo e efeito contextual em tradução: relevância no desempenho de tradutores novatos e expertos. Linguagem em (Dis)curso, v. 5, n. especial sobre Teoria da Relevância, 2005. p.11-31.

ALVES, F. Cognitive effort and contextual effect in translation: a relevance-theoretic approach. Journal of Translation Studies, v. 10, n. 1, 2007. p.18-35.

ALVES, F. Explicitude e explicitação em tradução: uma abordagem à luz da teoria da relevância. In: CAMPOS, J.; RAUEN, F.J. (Org.) Tópicos em Teoria da Relevância. UFPR, Curitiba, 2008. p. 96-121.

ALVES, F.; GONÇALVES, J. L. A relevance theory approach to the investigation of inferential processes in translation. In: ALVES, F. (Ed.). Triangulating translation: perspectives in process oriented research. John Benjamins, Amsterdam, 2003. p. 11-34.

ALVES, F.; GONÇALVES, J. L. Modelling translator’s competence. In:GAMBIER, Y. SHLESINGER, M.; STOLZE, R. (Eds.) Doubts and Directions in Translation Studies. Amsterdam: John Benjamins, 2007. p. 41-55.

ALVES, F.; GONÇALVES, J. L. Investigating the conceptual-procedural distinction in the translation process: a relevance-theoretical analysis of micro and macro translation units. In: EHRENSBERGER-DOW, M; GÖPFERICH, S; O'BRIEN, S. (Eds.) Target, v. 25, n. 1, p. 107-124, 2013.

BAKER, M. Corpus Linguistics and Translation Studies: Implications and Applications In: BAKER, M.; FRANCIS; TOGNINI-BONELLI (Eds). Text and Technology: In Honour of John Sinclair. Amsterdam/ Philadelphia, John Benjamins, 1993. p. 233-250.

BAKER, M. Corpus-based translation studies: the challenges that lie ahead. In: SOMERS, H. (Ed.). Terminology, LSP and translation: studies in language engineerng in honour of Juan C. Sager. John Benjamins, Amsterdam, 1996. p. 175- 186.

BERGMANN, J. C. F.; LISBOA, M. F. Teoria e Prática da Tradução. IBPEX: Curitiba. 2008.

BITTNER, H. The Quality of Translation in Subtitling. Trans-kom, v. 4 (1), 2011, p. 76-87. Disponível em: http://www.trans-kom.eu/bd04nr01/trans-kom_04_01_04_Bittner_Quality.20110614.pdf. Acesso em: 25 jun. 2018.

COSTA, W. C. Tradução e ensino de línguas. In: BOHN H. I.; VANDRESEN, P. (eds.). Tópicos de Linguística Aplicada ao ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988, p. 282-291.

DÍAZ-CINTAS, J. Subtitling. In: GAMBIER, Y.; DOORSLAER, D. (Eds.). Handbook of Translation Studies. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2010. p. 344-349.

DÍAZ-CINTAS, J.; REMAEL, A. Audiovisual Translation: Subtitling. St.Jerome: London, 2007.

GEORGAKOPOULOU, P. Subtitling for the DVD Industry. In: CINTAS, J. D; ANDERMAN, G. (Ed.). Audiovisual translation: language transfer on screen. Palgrave Macmillan: Basingstoke. 2009. p. 21-35.

GOROVITZ, S. Os Labirintos da Tradução – A legendagem Cinematográfica e a Construção do Imaginário. UnB: Brasília, 2006.

GUTT, E. A. Translation and relevance: Cognition and context. 2.ed. St. Jerome Publishing: Manchester. 1991.

GUTT, E. A. Challenges of Metarepresentation to Translation Competence. In: FLEISCHMANN, E.; SCHMITT, P.A; WOTJAK, G. (Ed.). Translationskompetenz. Tagungsberichte der LICTRA (Leipzig International Conference on Translation Studies 4, - 6, 10, 200). Stauffenberg: Tübingen, 2004. p.77-89.

GUTT, E. A. On the significance of the cognitive core of translation'. The Translator, v. 11 (1), 2005. p.25-49.

HARBORD, J. The use of the mother tongue in the classroom. ELT Journal, v. 46, n. 4, October, 1992, p. 350-355. HOUSE, J. Translation Quality Assessment: a Model Revisited. Tübinger Beiträge zur Linguistik. Routledge: Tübinger. 1997.

MELLO, G. O tradutor de legendas como produtor de significados. 2005. 187 f. Tese de doutoramento. UNICAMP: São Paulo. 2005.

OLOHAN, M.; BAKER, M. Reporting that in translated English: evidence for subconscious processes of explicitation? Across Languages and Cultures, v. 1, n. 2, 2000, p. 141-158.

PARANAGUÁ, P. O cinema na América Latina: Longe de Deus e perto De Hollywood. L&PM: Porto Alegre. 1985.

ROMANELLI, S. O ensino/aprendizagem de pronomes do italiano: interferência na interlíngua do falante do português brasileiro. Desempenho, UnB, 2003. p. 41-50.

ROMANELLI. O uso da tradução no ensino-aprendizagemdas línguas estrangeiras Revista Horizontes de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p. 200-219, 2009.

SPERBER, D.; WILSON, D. Relevance: communication and cognition. 2.ed. Blackwell: Oxford. 1995. TRINDADE, E. A. In: BENEDETTI, I. C.; SOBRAL, A. (Ed.). Conversas com tradutores: balanços e perspectivas da tradução. Parábola Editorial: São Paulo. 2003. p.182-190.

SHIBATANAI, M. Japanese. In: COMRIE, B. (Ed.). The world’s major languages. 2nd. Edition. London: Routledge, 2009.

WAKISAKA, G. Bosquejo sobre Kojiki. Estudos Japoneses, v. 3. Universidade de São Paulo: São Paulo, 1983. p. 5-12.

Publicado

30-06-2018

Cómo citar

Legendagem: uma atividade na aula de japonês . Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 11, n. 1, p. 60–81, 2018. DOI: 10.17851/1983-3652.11.1.60-81. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16781. Acesso em: 18 dec. 2024.

Artículos similares

1-10 de 516

También puede Iniciar una búsqueda de similitud avanzada para este artículo.