Referências indonésias em Claviers de Iannis Xenakis

processo criativo com material exógeno em Pléïades (1978)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.44450

Palavras-chave:

Claviers, Iannis Xenakis, Pléïades, Música Indonésia, Percussão

Resumo

O movimento Claviers foi composto para teclados de percussão e faz parte da obra Pléïades (1978) para seis percussionistas. Baseado em evidências de diferentes arquivos, destaca-se aqui relações diretas com elementos da música tradicional da Indonésia. Estas apontam para a inserção de materiais com os quais Xenakis teve contato nos anos 1950 e durante sua viagem para Bali e Java em 1972-1973. A inserção de material exógeno é bastante rara dentro da sua produção, mas em Claviers esta é uma parte substancial do processo criativo, trazendo significações particulares ao tratamento estrutural e à sequência de seções que caracteriza o movimento. Ao fazê-lo, o compositor cria então um discurso subjacente e um contexto bastante dinâmico dentro deste movimento em particular e isto aponta para correlações ainda não analisadas em uma parte mais ampla de sua produção. Este contexto dinâmico possui ainda implicações muito profundas com o pensamento e a prática composicional de Xenakis, trazendo novos elementos para a compreensão de parte do processo criativo durante uma fase bastante prolífica de sua vida.

Biografia do Autor

  • Ronan Gil de Morais, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

    Ronan Gil de Moraes é professor de percussão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). É doutor pela Universidade da Basiléia (Universität Basel, Suíça) e Fachhochscule für Musik FHNW pelo programa de Musicologia (Kooperationsprojekt Musikwissen). Seu trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Matthias Schmidt, Prof. Dr. Georges Starobinski e Prof. Christian Dierstein, tendo recebido a menção insigni cum laude. É mestre em Composition et Interprétation Musicale pela Universidade de Strasbourg (2011), onde apresentou dissertação sobre o repertório para percussão e música eletroacústica mista sob orientação de Prof. Dr. Alessandro Arbo e Prof. Emmanuel Séjourné. Cursou a Especialização em teclados de percussão no Conservatoire de Strasbourg (França) sob orientação de Prof. Séjourné (com menção honrosa Très bien). Possui Bacharelado em Percussão pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-2009), onde atuou junto ao Grupo Piap por quatro anos e obteve o Prêmio de Excelência em Pesquisa por seu trabalho de conclusão de curso ("Repertório brasileiro para vibrafone solo"). Atuou como professor (Chargé de cours/Percussioniste accompagnateur) no Conservatoire de Strasbourg e professor de percussão na Ecole de Musique de Souffelweyersheim. Com o Grupo Piap apresentou-se em todo o Brasil, nos EUA e Canadá (durante a Turnê Norte-Americana 2010) e participou de concertos com o Duo Katia e Marielle Labèque. Integrou as mais diversas formações de câmara: AxisModula, Accroche Note, Ensemble Vertebrae, Texture Ensemble da Milano, Babel Trio, DUALpha, DuAnphibios com concertos na França, Itália, Luxemburgo e Espanha. Estreou obras e trabalhou com Michelle Agnes Magalhães, Charles David Wajnberg, Flo Menezes, Daphné Hejebri, Stefano Gervasoni, Thomas Meadowcroft, Anna Sowa, David Hernandez Ramos, Fernando Iazzetta, Bertrand Gourdy, Zacarias Maia, Gitbi Kwon, Jacopo Costa, Patricia Goberna, Marisa Rezende, José Manoel Gatica, Nicolas Tzortis, Franck Christoph Yeznikian, Vito Zuraj, André Bandeira, dentre muitos outros. Lhe foram dedicadas obras de Michelle Agnes Magalhães, Charles David Wajnberg, Daphné Hejebri, Ivan Chiarelli e Roberto Victorio. Gravou CDs com o Ensemble Accroche Note, Grupo Piap, Grupo Percussionista de Câmara (GPC) e Euterpe, bem como o cd e dvd da II Bienal de música contemporânea de Mato Grosso. Compôs obras para percussão e eletrônica. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em percussão, atuando principalmente nos seguintes temas: percussão, música contemporânea, história da percussão, música eletroacústica mista e percussão, música de câmara.

Referências

Barthel-Calvet, Anne-Sylvie. 2000. “Le rythme dans l’œuvre et la pensée de Iannis Xenakis”. Tese de Doutorado, Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS).

Barthel-Calvet, Anne-Sylvie. 2002a. “Temps et rythme chez Xenakis: le paradoxe de l’architecte”. In Portrait(s) de Iannis Xenakis, editado por François-Bernard Mâche, 159-169. Paris: Biblioteca Nacional da França.

Barthel-Calvet, Anne-Sylvie. 2002b. “Chronologie”. In Portrait(s) de Iannis Xenakis, editado por François-Bernard Mâche, 25-82. Paris: Biblioteca Nacional da França.

Bogler, Tilmann. 2017. “Xenakis - Pléïades Analyse von Rhythmus und Grafik”. Monografia de Bacharelado, Zurique: Escola Superior das Artes de Zurique.

Ceuster, Diederik Mark de. 2021. “‘Use 19 Metal Pieces of Approximately the Same Timbre’: An Analysis of Twelve Recorded Performances of Xenakis’s Métaux (Pléïades)”. Zeitschrift der Gesellschaft für Musiktheorie, 18 (1): 71-100.

https://www.gmth.de/zeitschrift/artikel/1106.aspx

Exarchos, Dimitris. 2007. “Iannis Xenakis and Sieve Theory: An Analysis of the Late Music (1984-1993).” Tese de Doutorado, Universidade de Londres.

Fleuret, Maurice. 1988. “Il teatro di Xenakis”. In Xenakis, editado por Enzo Restagno, 159-187. Torino: EDT.

Gibson, Benoît. 2001. “Théorie des cribles”. In Présences de Iannis Xenakis, editado por Makis Solomos, 85-92. Paris: CDMC.

Gibson, Benoît. 2011. The instrumental music of Iannis Xenakis. Theory, practice, self-borrowing. Hillsdale: Pendragon Press.

Halbreich, Harry. 1988. “Da “Cendrées” a “Waarg”: quindici anni di creatività”. In Xenakis, editado por Enzo Restagno, 211-270. Torino: EDT.

Harley, James. 2004. Xenakis. His Life in music. Nova Iorque: Routledge.

Lacroix, Marie-Hortense. 2001. Pléiades de Iannis Xenakis. Paris: Ed. TUM/Michel de Maule.

Mâche, François-Bernard. 1981. “Iannis Xenakis. Introduction aux œuvres”. In Regards sur Iannis Xenakis, editado por Hugues Gerhards, 153-166. Paris: Stock Musique.

Marandola, Fabrice. 2012. “Of Paradigms and Drums: Analyzing and Performing Peaux from Pléïades”. In Xenakis Matters, editado por Sharon Kanach, 185-204. Hillsdale: Pendragon Press.

Matossian, Nouritza. 1981. Iannis Xenakis. Paris: Fayard / Fondation SACEM.

Morais, Ronan Gil de. 2022. “Xenakis in Indonesia: Influences in the composition of Jonchaies (1977) and Pléïades (1978)”. In Centenary International Symposium XENAKIS 22: Lectures Workshops Concerts, editado por Anastasia Georgaki e Makis Solomos, 338-359. Atenas: Spyridon Kostarakis.

https://xenakis2022.uoa.gr/proceedings/

Morais, Ronan Gil de. 2023. “Iannis Xenakis’ SIX-XEN A new instrument for Pléïades (1978) and a creative process with Indonesian references”. Tese de Doutorado, Universidade da Basiléia e Escola de Música FHNW.

Morais, Ronan Gil de. & Araújo, Lucas Davi de. 2018. “Sixxen e música eletroacústica: o diálogo entre instrumento microtonal e aparatos eletroeletrônicos no repertório pós-Pléiades”. Revista Música, 18 (2): 8-29.

https://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/147530

Morais, Ronan Gil de. Chaib, Fernando & Oliveira, Fabio. 2017. “Considerações históricas, estruturais e características sobre o instrumento Sixxen, de Iannis Xenakis”. Per Musi, 37: 1-21.

https://periodicos.ufmg.br/index.php/permusi/article/view/5164

Morais, Ronan Gil de. Chaib, Fernando & Oliveira, Fabio. 2020. “Repertório para Sixxen: a (re)definição de um novo instrumento através da composição”. Per Musi, 40: 1-22.

https://periodicos.ufmg.br/index.php/permusi/article/view/5296

Pires, Isabel. 2015. “Perspectives d’analyse comparative entre La Légende d’Eer et Jonchaies de Iannis Xenakis”. In Iannis Xenakis, La musique électroacoustique, editado por Makis Solomos, 29-52. Paris: L’Harmattan.

Porres, Alexandre Torres. 2007. “Processos de Composição Microtonal por meio do Modelo de Dissonância Sensorial.” Dissertação de Mestrado, Unicamp. https://www.repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/423727

Santana, Helena Maria da Silva. 1998. L’orchestration chez Iannis Xenakis : l’espace et le rythme, fonctions du timbre. Lille: ANRT.

Serrou, Bruno. 2003. L’homme des défis. Paris: CIG’ART/Jobert.

Solomos, Makis. 1996. Iannis Xenakis. Mercuès: P.O. Editions.

Solomos, Makis. 2002a. “Le « savant » et le « populaire », le postmodernisme et la mondialisation”. Musurgia, 9 (1): 75-89.

Solomos, Makis. 2002b. “Sculpter le son”. In Portrait(s) de Iannis Xenakis, editado por François-Bernard Mâche, 133-158. Paris: Biblioteca Nacional da França.

Spiller, Henry. 2004. Gamelan. The traditional sounds of Indonesia. Santa Barbara (USA): ABC-CLIO Inc.

Tenzer, Michael. 2011. Balinese Gamelan Music. Singapura: Tuttle.

Utz, Christian. 2018. “Transnationale Verflechtungen in der Musik der 1950er und 1960er Jahre: Henry Cowell, Toshirō Mayuzumi und Luciano Berio im Kontext des „Cultural Cold War”.” Archiv für Musikwissenschaft, 75 (2): 135-162.

Varga, Balint Andras. 1996. Conversations with Iannis Xenakis. Londres: Faber and Faber Ltd.

Veneración, Andrea. 1967. “International Music Symposium”. Ethnomusicology, 11 (1): 107-113.

Xenakis, Iannis. 1971. “Structures Hors-Temps.” In The Musics of Asia. Annals of the International Music Symposium, editado por José Maceda, 152-173. Manila: National Music Council of the Philippines and Unesco International Music Council.

Xenakis, Iannis. 1973. “Musique à Bali”. Programa de Radio (entrevista feita por P. A. Blachette; 29 de março, 1973). Paris: France Culture. Acessível pelos arquivos do Institut national de l'audiovisuel (Ina, França).

Xenakis, Iannis. 1979. Arts/Sciences. Alliages. Tournai: Casterman.

Partituras mencionadas

Xenakis, Iannis. 1977. Jonchaies. Paris: Éd. Salabert.

Xenakis, Iannis. 1979. Pléïades. 1ed. Paris: Éd. Salabert.

Xenakis, Iannis. 1981. Komboï. Paris: Éd. Salabert.

Xenakis, Iannis. 2013. Pléïades. 2ed. Paris: Éd. Salabert.

Publicado

2023-09-28

Edição

Seção

Sessão Temática Iannis Xenakis

Como Citar

“Referências indonésias Em Claviers De Iannis Xenakis: Processo Criativo Com Material exógeno Em Pléïades (1978)”. 2023. Per Musi, nº 42 (setembro): 1-24. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.44450.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)