O violino violado

o entremear das vozes esquecidas das rabecas e de “outros violinos”

Autores

  • Luiz Henrique Fiaminghi Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2009.54507

Palavras-chave:

rabecas, violino barroco, práticas interpretativas, HIP (Performance Historicamente Informada)

Resumo

A representação do violino como instrumento musical hegemônico é um fato incontestável se considerarmos sua presença nos mais diversos âmbitos das práticas da música ocidental. As últimas décadas presenciaram, porém, a emergência de algumas vozes dissonantes: as práticas interpretativas historicamente informadas (Historically Informed Performance ou HIP) redescobriram o violino barroco e todo o seu aparato técnico; no Brasil, a rabeca mostrou suas potencialidades, não mais somente nas mãos de ardorosos defensores da cultura popular, mas de músicos em busca de novas sonoridades. Tomando como exemplo a intersecção do popular e erudito contido nas peças para rabeca escritas por José Eduardo Gramani, pretende-se aqui, sobretudo, mais do que apresentar respostas definitivas, abrir novas questões relacionadas ao ensino do violino no mundo contemporâneo, a partir da inserção de instrumentos esquecidos pela história oficial. Neste sentido, reflete alguns dos aspectos defendidos por Walter Benjamin em Sobre o conceito de história, e traz para a pauta das discussões sobre interpretação musical a questão da padronização imposta pela indústria cultural.

Biografia do Autor

  • Luiz Henrique Fiaminghi, Universidade Estadual de Campinas

    Luiz Henrique Fiaminghi estudou violino com Paulo Bosísio e Ayrton Pinto (UNESP/SP). É bacharel em composição e regência pela UNICAMP/SP. Foi violinista da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Em 1987, obteve bolsa de especialização do CNPq para estudar violino barroco e interpretação de música barroca na Holanda, tendo estudado nos Conservatórios de Rotterdam (profa. Marie Leonhardt) e de Utrecht (profa. Alda Stuurop). Em 1995 escreveu a monografia “Violino e Retórica” com orientação do Prof. Dr. João A. Hansen no curso de especialização em “Arte e Cultura Barroca”
    da UFOP, MG. De 1993 à 1995, foi professor de violino na UDESC. Fundador do Trio Carcoarco. Desde 1996 é membro do grupo Anima, com o qual gravou e produziu 5 CD’s, e realizou diversas turnês no Brasil e no exterior, tendo recebido os prêmios “APCA” (1998) e “Carlos Gomes” (2000), como melhor grupo de música de câmara. Concluiu doutorado em música na UNICAMP com a tese: “O Inferno de Orfeu: rabeca, hibridismo e desvio do método nas práticas interpretativas contemporâneas – tradição e inovação em José Eduardo Gramani”, orientado pelo Prof. Dr. Esdras Rodrigues.

Referências

ADORNO, Theodor W. (2004) – Indústria Cultural e Sociedade. S. Paulo, Ed. Paz e Terra S/A.

______. (1998) – “Em defesa de Bach contra seus admiradores” (1951) in Prismas, S. Paulo, Ed. Ática.

______. (1990) – Prisms, Cambridge, Massachusetts, The MIT Press.

ANDRADE, Mário de (1982) – Danças Dramáticas do Brasil. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia.

______. (1989) – Dicionário Musical Brasileiro. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia.

BOYDEN, David D. (1965) – The History of Violin Playing from its Origins to 1761. Oxford, Oxford University Press.

BURKE, Peter (1995) - Cultura Popular na Idade Moderna, S. Paulo.Ed. Schwarcz Ltda,

BUTT, John (2002) – Playing with History – The Historical Approach to Musical Perormance. Cambridge, UK, Cambridge

University Press.

CANDIDO, Antonio (1964) – Os parceiros do Rio Bonito. S. Paulo, Editora 34.

CARLIN, Richard - THE “GOW COLLECTION” OF SCOTTISH DANCE MUSIC – Compiled & Edited by Richard Carlin – Oak

publications, New York, 1986.

COLI, Jorge – Música Final – Mário de Andrade e sua coluna jornalística Mundo musical. Campinas, editora da Unicamp.

DUARTE, Rodrigo (2005) – Teoria crítica da indústria cultural. Belo Horizonte, Editora UFMG.

GAGNEBIN, J.M.(2004) – História e narração em W. Benjamin. S. Paulo , Perspectiva.

______. (2006) – Lembrar escrever esquecer, S. Paulo, Editora 34

______. s/d - apostila de aula: Walter Benjamin, Observações sobre “Baudelaire”, Gesammelte Schriften I-3, pp. 1160/61.

Trad. Caseira de JMG.

GARCÍA CANCLINI, Nestor (2003) – Culturas Híbridas. São Paulo, editora USP.

GRAMANI, José E.(2002); org. Daniella Gramani – Rabeca, o som inesperado. Curitiba, edição independente.

GEMINIANI, Francesco (1751) – The Art of Playing on the Violin, edição fac-simili, prefácio e introdução de David Boyden

(1970), Oxford, Oxford University Press.

HARNONCOURT, Nikolaus (1990) – O discurso dos sons. RJ, Jorge Zahar Ed.

KERMAN, Joseph (1987) – Musicologia, Martins Fontes Ed. , São Paulo.

LÖWY, Michael (2005) – Walter Benjamin: aviso de incêndio, Boitempo Ed. São Paulo.

MURPHY, John P. (1997) “The rabeca and its music, old and new, in Pernambuco, Brazil”. Latin American Review. University

of Texas Press, Austin.

NÓBREGA, Ana C. P. (2000) – A Rabeca no Cavalo Marinho de Baieux. João Pessoa, Editora Universitária.

TARUSKIN, R. (1995) – Text and Act. Essays on Music and Performance. New York/Oxford: Oxford University.

WILSON, David K. (2001) -Georg Muffat on Performance Practice – Florilegium Primum, Florilegium Secundum, edição e

tradução, Indiana University Press, Bloomington, Indianápolis.

Downloads

Publicado

2025-03-26

Edição

Seção

Artigos em Português/Espanhol

Como Citar

“O Violino Violado: O Entremear Das Vozes Esquecidas Das Rabecas E De ‘outros violinos’”. 2025. Per Musi, nº 20 (março): 16-21. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2009.54507.