Um Professor Indígena a Menos nas Ciências da Natureza: Uma Análise Antirracista das Razões do Abandono de um Curso de Licenciatura em Biologia
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2024u11251159Keywords:
retratos sociológicos, estudantes indígenas, evasão, racismo estrutural, colonialidadeAbstract
O racismo estrutural e o projeto moderno-colonizador em curso na América Latina não seriam os mesmos sem as contribuições da ciência moderna ocidental. Contraditoriamente, é também por meio das ciências — sobretudo das ciências sociais — que as colonialidades têm sido contestadas. Inspirados pela crítica decolonial, contamos a história de vida de Waxihô Karajá, um homem indígena Karajá Xambioá que ingressou e abandonou um curso de Biologia. Os resultados ilustram como a educação indígena Iny contribuiu para o desenvolvimento do interesse de Waxihô Karajá por Biologia. Nossa análise também revela que a baixa qualidade da educação básica ofertada em comunidades indígenas; o despreparo das instituições de educação superior para receber a diversidade; as dificuldades experimentadas por jovens oriundos de realidades de baixa escolarização e a energia dispensada por minorias culturais para combater uma miríade de violências coloniais por meio do ativismo estudantil podem comprometer o sucesso acadêmico. Os resultados indicam que a aproximação e o afastamento de cursos de ciências da natureza por jovens indígenas parecem ter motivos ora similares ora distintos daqueles elencados pela pesquisa com jovens da sociedade envolvente. Urge reorientar as políticas de permanência universitária para fomentar o sucesso acadêmico de estudantes indígenas em cursos de ciências da natureza.
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