Expectativas Sócio-Geográficas dos Professores Sobre Alunos em Aulas de Química em Escolas do Programa de Ensino Integral Paulista
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2024u10311058Palavras-chave:
poder simbólico, Ensino de Química, Pierre Bourdieu, Etnografia CríticaResumo
O Programa Ensino Integral (PEI) paulista introduziu um conjunto de reformas educacionais em escolas públicas, alterando a cultura institucional e a relação professor-aluno. Embora a literatura tenha indicado as consequências sociais da reforma, como a amplificação de desigualdades socioespaciais e a alteração das relações de trabalho docente, permanece como lacuna de investigação de qual modo o programa influenciou as práticas pedagógicas em disciplinas de ciências da natureza em escolas de periferia. O presente artigo visa compreender a relação entre os discursos e as representações dos professores de Química acerca dos alunos e das reformas introduzidas pelo PEI em escolas da periferia urbana. Este é um estudo guiado pela abordagem bourdieusiana, especialmente o conceito de poder simbólico, com o objetivo de explorar as práticas de classificação dos alunos e suas consequências para práticas pedagógicas em aulas de Química. Para a condução deste estudo, empregamos os princípios da etnografia crítica, com o uso dos métodos qualitativos, observações e entrevistas semiestruturadas. Os resultados indicam que a busca por um perfil ideal de estudantes, alinhado aos princípios do PEI, está relacionada à exclusão dos alunos e à elaboração de discursos de déficit, que associam a origem sócio-geográfica dos estudantes a obstáculos de aprendizagem nas aulas de Química. Conclui-se que os discursos dos docentes emergem por meio de processos classificatórios encapsulados por representações sobre raça, classe e espaço geográfico.
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