v. 5 n. 8 (2011): Arquivo latino-americano de literatura e de arte judaica

Detalhe de "Sião", de Vlad Eugen Poenaru.

Apresentação

Lyslei Nascimento (Universidade Federal de Minas Gerais)

O arquivo latino-americano de literatura e de arte judaica apresenta-se como um concerto de múltiplas vozes que, para além da imigração, muitas vezes forçada pela intolerância religiosa, política e étnica, constitui uma condição identitária híbrida que potencializa a expressão. Temas importantes como o exílio, a herança bíblica e a shoah são recorrentes nesse acervo. Dos importantes escritores argentinos, como Alberto Gerchunoff, considerado o pai da literatura de imigração judaica na América e seus "gaúchos judíos"; o poeta Juan Gelman, de origem askenazi, que escreveu, em judeu espanhol, vários poemas que foram magistralmente musicados em Una mano tumó l´otra; "O gueto", da poetiza Tamara Kamenszain; "a saga do marrano", de Marcos Aguinis; a obra de Gabriela Avigur-Rotem. Escritores não judeus encontraram, ainda, na cultura, religião e tradição judaicas, metáforas, signos, formas de expressão que alcançaram, na literatura, a máxima expressão, como o conto "O Aleph", de Jorge Luis Borges, por exemplo. No Brasil, os escritores descendentes de imigrantes judeus, como na caracterização de Regina Igel, não são poucos expressivos: Antonio José da Silva, o judeu; Samuel Benchimol, que narra a saga dos judeus no norte do país; Clara Steinberg; Hersch Schwartz; Meir Kucinski; Rosa Palatnik; Adolpho Kishinievski; Baruch Schulman; Abraão Brener; Marcos Jacobovitch; Chaim Rapaport; Isaac Raizman; Leib Malach; Itzkchak Guterman e Josif Landa, que escreveram em ídiche; além da contundência da escritura de Samuel Rawet; da ironia e humor de Jacó Guinsburg; da diversidade da pena de Moacyr Scliar; passando pelas muitas macabeas, de Clarice Lispector; bem como da escrita inteligente e refinada de Cíntia Moscovich; dos livros infanto-juvenis de Tatiana Belinki; da crônica do cotidiano de Eliezer Levin e Samuel Malamud; só para citar alguns. Vale também lembrar, a presença judaica em inúmeras obras de escritores não judeus, como em Machado de Assis, Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado e Vinícius de Moraes. A expressão judaica nas artes plásticas, na música, no teatro e no cinema são, também, incontáveis: o uruguaio Jorge Drexter, com seu "pianista do gueto de Varsóvia"; a ilustradora brasileira Renina Katz; Carlos Scliar; o teatro ídiche, principalmente de São Paulo; além das obras de Sergio Fingermann; Anna Bella Geiger; Luise Weiss; e Leila Danziger.

Publicado: 2011-03-30

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