A Identificação Profissional em um Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas: Quem Quer Ser um Professor?
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2023u10831109Palavras-chave:
atratividade docente, engajamento acadêmico, identidade docente, formação docente, evasão universitáriaResumo
O presente estudo teve como objetivo analisar indicadores de identificação profissional de licenciados com as quatro áreas de atuação do biólogo, e sua repercussão nas intenções profissionais de alunos egressos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Para tanto, realizamos uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa, através da análise de conteúdo temático-categorial a partir de questionários aplicados a 97 egressos do curso, e entrevistando 11 desses participantes. Como principais resultados verificamos que 62% dos licenciados concluíram o curso sem planejar se tornar professor, apresentando intenções formativo-profissionais majoritariamente voltadas à pesquisa na área de Meio Ambiente e Biodiversidade. Essa constatação se relaciona com outros aspectos analisados, como a identificação prévia, pois muitos dos participantes relataram já iniciar o curso sem uma identificação com a docência, situação que leva poucos licenciandos a buscarem estágios extracurriculares da área de Educação (33%). Tal distanciamento se mostrou amplificado pela experiência negativa nos estágios supervisionados obrigatórios, que apresentaram pouca articulação entre a universidade e a escola, reduzindo seu potencial de identificação com a docência. Esses resultados evidenciam e dimensionam as dificuldades que as Licenciaturas em Ciências Biológicas enfrentam para estimular o envolvimento dos alunos com a identidade profissional do campo pedagógico.
Downloads
Referências
Antiqueira, L. M. O. R. (2018). Biólogo ou professor de Biologia? A formação de licenciados em Ciências Biológicas no Brasil. Revista Docência no Ensino Superior, 8(2), 280–287. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rdes/article/view/2488
Ayres, A. C. M. (2005). Tensão entre Matrizes: um estudo a partir do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Formação de Professores/UERJ [Tese de Doutorado].Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. Edições 70.
Brando, F. R., & Caldeira, A. M. A. (2009). Investigação sobre a identidade profissional em alunos de Licenciatura em Ciências Biológicas. Ciência e Educação, 15(1), 155–173. https://doi.org/10.1590/S1516-73132009000100010
Câmara, R. H. (2013). Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 6(2), 179–191. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v6n2/v6n2a03.pdf
Carvalho, A. M. P., & Gil-Pérez, D. (2011). Formação de professores de Ciências: Tendências e inovações (10ª ed.). Cortez.
Castro, S. M. V. (2010). Biólogos, da universidade ao mercado de trabalho: um estudo entre estudantes e egressos do curso de Licenciatura em Biologia (Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). Sistema Maxwell — Coleção Digital de ETDs. https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.17627
Creswell, J. W. (2014). Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre cinco abordagens. Penso.
Duré, R. C. (2022). Formação, currículo e identificação profissional: um estudo de caso no curso de licenciatura em ciências biológicas da UFPB (Tese de Doutorado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba). Repositório Institucional da UFPB. https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/26358
Duré, R. C., & Abílio, F. J. P. (2019). A Formação Inicial na Concepção Docente: Um Estudo Fenomenológico com Professores de Ciências Biológicas. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 19(1), 345–371. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2019u345371
Feitosa, R. S., & Leite, R. C. M. (2011). Avaliação do currículo do curso de Ciências Biológicas da UFC: em busca da melhoria da formação de professores de Biologia. In M. A. L. Barzano, & M. L. H. S. Araújo (orgs.), Formação de professores: retalhos de saberes (pp. 315–340). UEFS Editora.
Galindo, W. C. M. (2004). A Construção da Identidade Profissional Docente. Psicologia: Ciência e Profissão, 24(2), 14–23. https://doi.org/10.1590/S1414-98932004000200003
Gatti, B. A., Tartuce, G. L. B. P., Nunes, M. M. R., & Almeida, P. C. A. (2009). Atratividade da carreira docente no Brasil. Fundação Victor Civita.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) (2022). Relatório do 4º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação. Inep/MEC. https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/plano_nacional_de_educacao/relatorio_do_quarto_ciclo_de_monitoramento_das_metas_do_plano_nacional_de_educacao.pdf
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) (2023). Censo Escolar da Educação Básica 2022: Resumo Técnico. Inep/MEC. https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_escolar_2022.pdf
Instituto Semesp (2022). Risco de apagão de professores no Brasil. https://www.semesp.org.br/pesquisas/risco-de-apagao-de-professores-no-brasil/
Lei nº 6.684, de 3 de Setembro de 1979 (1979). Regulamenta as profissões de Biólogo e de Biomédico, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, e dá outras providências. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6684.htm
Lei nº 13.005/2014, de 25 de Junho de 2014 (2014). Aprova o Plano Nacional de Educação — PNE e dá outras providências. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
Kaddouri, M. (2009). Dinâmicas identitárias e relações com a formação. In V. L. F. A. Brito, Professores: identidade, profissionalização e formação (pp. 23–45). Argumentum.
Oliveira, D. C. (2008). Análise de Conteúdo Temático-Categorial: uma proposta de sistematização. Revista de Enfermagem da UERJ, 16(4), 569–576.
Parecer CNE/CES nº 1301/2001 de 06 de Novembro de 2001 (2001). Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2001/pces1301_01.pdf
Pimenta, S. G., & Lima, M. S. L. (2017). Estágio e Docência (8ª ed.). Cortez.
Rabelo, B. B. R., & Coelho, R. C. (2018). As contribuições do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (pibid) do subprojeto de Biologia da UFES para a profissionalização docente de seus bolsistas e formação continuada do coordenador de área. Investigações em Ensino de Ciências, 23(2), 190–210. https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2018v23n2p190
Richardson, R. J. (2017). Pesquisa Social: Métodos e técnicas. Atlas.
Resolução CNE/CP nº 1/2002 de 18 de Fevereiro de 2002 (2002). Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf
Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de Dezembro de 2019 (2019). Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2019-pdf/135951-rcp002-19/file
Resolução nº 227/2010, de 18 de Agosto de 2010 (2010). Dispõe sobre a regulamentação das Atividades Profissionais e as Áreas de Atuação do Biólogo, em Meio Ambiente e Biodiversidade, Saúde e, Biotecnologia e Produção, para efeito de fiscalização do exercício profissional. https://cfbio.gov.br/2010/08/18/resolucao-no-227-de-18-de-agosto-de-2010/
Silva, J. R. F. (2015). Documentos legais para a formação profissional: é possível fazer emergir o professor de Ciências e Biologia? Revista de Ensino de Biologia da SBENBio, 8(1), 4–14.
UFPB (2006). Projeto Político Pedagógico do Curso de graduação em Ciências Biológicas. Centro de Ciências Exatas e Naturais, Coordenação do curso de Ciências Biológicas.
Ventura, R. C. (2015). Trajetórias profissionais de egressos do curso de graduação em Ciências Biológicas da UFRJ: Um estudo sobre (não)atratividade da docência (Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro). Sistema Maxwell — Coleção Digital de ETDs. https://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.25721
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Ravi Cajú Duré, Maria José Dias de Andrade, Francisco José Pegado Abílio
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores são responsáveis pela veracidade das informações prestadas e pelo conteúdo dos artigos.
Os autores que publicam neste periódico concordam plenamente com os seguintes termos:
- Os autores atestam que a contribuição é inédita, isto é, não foi publicada em outro periódico, atas de eventos ou equivalente.
- Os autores atestam que não submeteram a contribuição simultaneamente a outro periódico.
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à RPBEC o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores atestam que possuem os direitos autorais ou a autorização escrita de uso por parte dos detentores dos direitos autorais de figuras, tabelas, textos amplos etc. que forem incluídos no trabalho.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo, publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (por exemplo, em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após a publicação visando aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Em caso de identificação de plágio, republicação indevida e submissão simultânea, os autores autorizam a Editoria a tornar público o evento, informando a ocorrência aos editores dos periódicos envolvidos, aos eventuais autores plagiados e às suas instituições de origem.