A Identificação Profissional em um Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas: Quem Quer Ser um Professor?
DOI:
https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2023u10831109Palavras-chave:
atratividade docente, engajamento acadêmico, identidade docente, formação docente, evasão universitáriaResumo
O presente estudo teve como objetivo analisar indicadores de identificação profissional de licenciados com as quatro áreas de atuação do biólogo, e sua repercussão nas intenções profissionais de alunos egressos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Para tanto, realizamos uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa, através da análise de conteúdo temático-categorial a partir de questionários aplicados a 97 egressos do curso, e entrevistando 11 desses participantes. Como principais resultados verificamos que 62% dos licenciados concluíram o curso sem planejar se tornar professor, apresentando intenções formativo-profissionais majoritariamente voltadas à pesquisa na área de Meio Ambiente e Biodiversidade. Essa constatação se relaciona com outros aspectos analisados, como a identificação prévia, pois muitos dos participantes relataram já iniciar o curso sem uma identificação com a docência, situação que leva poucos licenciandos a buscarem estágios extracurriculares da área de Educação (33%). Tal distanciamento se mostrou amplificado pela experiência negativa nos estágios supervisionados obrigatórios, que apresentaram pouca articulação entre a universidade e a escola, reduzindo seu potencial de identificação com a docência. Esses resultados evidenciam e dimensionam as dificuldades que as Licenciaturas em Ciências Biológicas enfrentam para estimular o envolvimento dos alunos com a identidade profissional do campo pedagógico.
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