A família significando a doação de órgãos
uma análise à luz do interacionismo simbólico
DOI:
https://doi.org/10.35699/2316-9389.2024.38932Palavras-chave:
Transplante, Obtenção de Tecidos e Órgãos, Relações Familiares, Tomada de Decisões, Acontecimentos que Mudam a VidaResumo
Objetivo: compreender o significado que a família atribui à experiência de ter consentido a doação de órgãos. Método: estudo qualitativo, baseado no referencial teórico do Interacionismo Simbólico e na metodologia da Teoria Fundamentada nos Dados. Realizado com 14 familiares que consentiram a doação de múltiplos órgãos. A coleta dos dados ocorreu entre julho e novembro de 2019, por meio de entrevistas intensivas gravadas e transcritas na íntegra, além de um diário de pesquisa. Para a formação dos grupos amostrais, foram seguidos os critérios propostos pela Teoria Fundamentada nos Dados. Esses grupos foram organizados pelo software MAXQDA e, para sua análise, foram utilizadas as duas primeiras etapas de codificação: aberta e focalizada. Resultados: resultou-se em um processo analítico explicativo da experiência da família que consentiu a doação de órgãos de um familiar mediante a perda e o luto, do qual emergiu o conceito que orienta um modelo de cuidado: "Minimizando o sofrimento exercendo a solidariedade", sustentado por três categorias: vivenciando o impacto do diagnóstico de morte encefálica; motivando-se à doação de órgãos; e Significando a doação de órgãos. Conclusão: compreendeu-se os significados que as famílias atribuíram à experiência de consentir a doação de órgãos, sendo o diagnóstico de morte encefálica e o tempo para a conclusão do protocolo associados aos sentimentos de angústia, aflição e esperança de que a morte não se concretizasse; ao corpo como um templo inviolável e à solidariedade como forma de amenizar o sofrimento e enfrentar o luto.
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