As lições de Bernardo Guimarães em A Escrava Isaura: escravidão e literatura na segunda metade do século XIX

Autores

  • Daniela Magalhães da Silveira Universidade Federal de Uberlândia

Palavras-chave:

Bernardo Guimarães, escravidão, casamento

Resumo

A Escrava Isaura é o romance mais conhecido de Bernardo Guimarães. Foi publicado em 1875 e traz importantes reflexões em torno da escravidão brasileira. Este artigo faz uma análise da personagem Isaura, com o objetivo de verificar o posicionamento de seu criador diante da situação das mulheres, quando a abolição chegasse para todas. O casamento é vislumbrado, no romance, como moeda de troca para se livrar do cativeiro. Por outro lado, pode ser compreendido apenas como uma troca de senhores, com a mulher saindo da casa do pai/senhor e entrando para a casa do marido. A mocinha deixava, então, de ser escrava para ocupar o papel de esposa tutelada por algum homem. Assim, torna-se evidente a proposta de Bernardo Guimarães para um Brasil sem escravos, especialmente no que diz respeito às mulheres. Esse seria um país de mestiças, bem educadas e dedicadas ao lar.

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Biografia do Autor

Daniela Magalhães da Silveira, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em História Social da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (2009);

Professora do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (desde 2010).

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Publicado

2018-01-30