A Chamada deste dossiê foi elaborada pelo Prof. Gilmar Mascarenhas.
Do que estamos falando quando o assunto é estádios de futebol? No plano operacional e urbanístico, um edifício especificamente erigido para acolher espetáculos visando grandes audiências, dotado de expressiva centralidade física e simbólica. Mas também espaço vivido e lugar de referência, alimentando o sentido de pertencimento e a constante fabricação de identidades grupais. Estádios são memória acumulada, vivida coletivamente.
Subvertendo sua funcionalidade precípua, as camadas populares se apropriaram historicamente do equipamento, reinventando-o. O rico movimento de apropriação do estádio faz dele um espaço-tempo singular na reprodução social da cidade.
Todavia, o estádio contemporâneo se vê crescentemente submetido aos implacáveis princípios do gerenciamento técnico-empresarial, promovendo exclusão dos mais pobres e reduzindo sua potência criativa. O Brasil possui quase oitocentos estádios, universo dotado de imensa heterogeneidade contida nos mais variados aspectos: arquitetônico (porte físico, formato e capacidade de público), locacional, econômico, funcional e simbólico. E persistem muitos estádios à margem do processo de “arenização”.
O dossiê Estádios de Futebol: políticas e usos pretende reunir reflexões de pesquisadores em torno deste equipamento, seus usos, formas e significados. Um espaço em constante disputa: em construção.
Publicado: 30-01-2021