v. 4 n. 2 (2019): Estado e (contra)cultura
Três dias de paz e música: eram o que buscavam as quase duzentas mil pessoas que se reuniram em Woodstock há exatos cinquenta anos. O movimento de contracultura, pano de fundo da ocasião, tensionava as relações entre Estado e sociedade civil: trata-se de uma época de intensa contestação da realidade social e das instituições. Também no Brasil expressões culturais de caráter contestador, como a tropicália, já floresciam naquela década - mesmo em pleno Regime Militar. Compreender essa (contra)cultura é um bom caminho para desvendar o que é e o que pode ser o Estado e sua relação com a sociedade civil: um Estado que seja protetor da expressão cultural dos seus cidadãos e promotor da eticidade e das suas expressões culturais, sejam elas a favor ou contra as instituições oficiais. Pensar tais possibilidades, pelos prismas histórico, político e filosófico, permite-nos agir conscientemente no tempo presente. É nesse sentido que a REVICE espera receber, para este número, trabalhos sobre legitimidade da regulação ou da promoção da cultura pelo Estado, liberdade de expressão e crítica ao Estado, censura, história e legitimidade de movimentos culturais contestatórios, cultura e gênese ou crítica da nação, cultura e desigualdade, cultura e emancipação, cultura e sua relação com o político, o jurídico e o ético.