v. 4 n. 7 (2010): Arquivos do exílio: geografias da dispersão

Detalhe de "Mundo louco", de Vlad Eugen Poenaru.
APRESENTAÇÃO

Lyslei Nascimento 

Exílios e diásporas constituem, juntamente com a memória, as experiências fundamentais da história judaica. Este número da Arquivo Maaravi tem como tema o exílio, suas geografias e suas memórias literárias, históricas, artísticas. Ricardo Forster em El exílio de la palabra, afirma que a pátria judaica sempre está em outro lugar, assim, os artigos aqui apresentados tratam dos fragmentos dispersos da memória judaica que foram espalhados pelo mundo e que tem alimentado a cultura do Ocidente. “Errantes por definição, viajantes infatigáveis, construtores de caravanas intermináveis que foram abrindo o horizonte, vivemos na perplexidade de um cosmopolitismo que, cedo ou tarde, parece voltar-se conta nós; como se essa errância, essa condição diaspórica, encerrasse a maravilha do descobrimento, da mistura de línguas e culturas”, mas também o medo e o ódio daqueles a que consideramos nossos vizinhos, afirma Forster. Por sobre a comunidade judaica, seja ela na Diáspora ou em Israel, pairaria, segundo o crítico, uma imagem estranha que espelharia o indecifrável e, por vezes, o demoníaco, oriundo do medo e do ódio ao judeu. Os artigos deste número apresentam, portanto, uma reflexão crítica sobre a sempre complexa condição em que os judeus se encontram como os Outros, falantes de uma língua imemorial e labiríntica que recria incessantemente a sua identidade, ou identidades. Conformados a partir do seu próprio itinerário, a literatura e a arte judaica, ou que a elas se referem, deverão proporcionar uma reflexão sobre as marcas dos passos dados pelos judeus desde que Abraão iniciou a marcha e o exílio.

Publicado: 2010-10-30

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