Outras encruzas para a arte pública
elementos das cosmovisões ameríndias e afrodiaspóricas na trama entre outras temporalidades alternativas, comunidades com multiplicidades e diferentes ensinagens
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2023.46037Palavras-chave:
Arte pública, encruzilhada, cosmovisões ameríndias, pensamento afrodiaspórico, EnsinagensResumo
O artigo busca ampliar as maneiras como o campo da arte pública vem sendo pensada nas
últimas duas décadas em solo nacional. Geralmente o debate acontece através de
bibliografias estrangeiras, com exemplos de projetos artísticos que acontecem em um tipo
de espaço público diferente do que encontramos no Brasil. Por um lado, a ideia de nação apresenta marcadores da colonização ainda muito presentes (branquitude, sexismo, cisgeneridade, heteronormatividade), que buscam aniquilar as diferenças, mas que estão em colapso. Por outro, as cosmovisões ameríndias e afrodiaspóricas presentes neste território podem trazer outras perspectivas e caminhos para enveredar esta encruzilhada em novas direções. Aprender com as trans, nas lutas interseccionais, com as ensinagens dos terreiros, na cultura Queer/Cuir, com a circularidade das diversas rodas, para poder rever conceitos como site specific ou community based-art. Por fim, é relatado brevemente um processo de ensinagem com a mestra Japira Pataxó nas aulas dos cursos de Artes da UFSB, em Porto Seguro, Bahia.
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