Editorial

Autores

  • Daniervelin Renata Marques Pereira Universidade Federal do Triângulo Mineiro

DOI:

https://doi.org/10.17851/1983-3652.9.2.i-iii

Palavras-chave:

editorial, Texto Livre, linguagem e tecnologia

Resumo

Este segundo número do nono volume da revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia traz dezoito textos com diferentes contribuições para se pensar sobre questões relativas à Linguística, à Literatura, à Educação e às Tecnologias, especialmente as digitais livres. Destacam-se nos textos publicados a noção de leitura em tempos de cibercultura, incluindo novos estilos e modos de ser que emergem das práticas sociais, que levam à necessidade de novos letramentos; as vantagens da criatividade na utilização de recursos digitais no ensino de línguas; as contribuições de diferentes métodos de pesquisa e análise e as aplicações nos cenários apresentados; análise dos usos de softwares livres na educação, mostrando como eles são relevantes para uma educação aberta e crítica; e as questões peculiares na produção de material didático e sua adequação ao contexto, como no caso da inclusão e do trabalho com multimodalidades.

No primeiro eixo temático ou trilha deste número, Linguística e Tecnologia, temos seis artigos publicados. EmContrastes entre a crítica literária especializada e amadora: os booktubers e os discursos sobre o livro e a leitura, Danilo Vizibeli analisa uma notícia midiática para elencar e compreender as formações discursivas sobre o leitor comum e o leitor profissional, mostrando limites entre eles na construção do perfil de leitura e leitor na época da cibercultura. O conceito de booktubers retorna no artigo de Claudia Souza Teixeira e Andressa Abraão Costa, Movimento booktubers: práticas emergentes de mediação de leitura, que investiga as práticas de mediação de leitura desenvolvidas por booktubers, jovens que utilizam o YouTube para compartilhar informações sobre livros e interagir com outros leitores, mostrando características dessas práticas e tipos de livros mais comentados. Paula Daniele Pavan, em “O que é uma obra?”: entre a estabilidade e o deslize em tempos de internet, discute a noção de obra, entre a estabilização ao deslizamento de sentidos, a partir dos efeitos de sentido gerados no discurso oficial e no discurso de debate – materializados nas Leis de Direitos Autorais 5.988, de 14 de dezembro de 1973, e 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e em textos produzidos durante o processo de reformulação da Lei de Direitos Autorais 9.610/1998. Em A interatividade na poesia digital: palavra, imagem e som em movimento, Simone Dália de Gusmão Aranha e Olivia Rodrigues Borborema discutem sobre características da poesia digital e níveis de interatividade presentes em manifestações desse gênero discursivo, mostrando em cada caso a participação prevista ao hiperleitor, de participação passiva a mais ativa. As autoras Maria José Bocorny Finatto, Monica Stefani, Aline Evers e Bianca Franco Pasqualini, em Vocabulário, complexidade textual e compreensão de leitura em ambientes digitais de ensino: uma investigação inicial com alunos do ensino médio, relatam uma investigação inicial que pretendeu qualificar a elaboração e a facilidade de uso de recursos didáticos para Educação a Distância (EAD) na área de Letras/Língua Portuguesa e Leitura.O artigo espanhol Intertextualidad y coherencia en una crónica de João Ubaldo Ribeiro: abordajes en lectocomprensión, de Carlos Alberto Pasero, nos ensina sobre parâmetros de textualidade como formas de acesso ao texto e que contribuem para a construção de sentido. Para isso, ele recorre a uma crônica literária de caráter argumentativo em língua portuguesa, “Questões gramaticais”, de João Ubaldo Ribeiro. Para fechar essa trilha, em Olhares sobre a linguagem em redes sociais e suas interfaces com a educação crítica e pluralista, Eliane Fernandes Azzari e Rosineide de Melo analisam duas postagens no Facebook a fim de estabelecer possíveis diálogos entre os conceitos de cronotopo e arquitetônica. Elas observam que os letramentos contemporâneos são constituintes de e constituídos por práticas de construir, curtir e compartilhar textos/enunciados permeados pela pluralidade cultural.

No outro grande eixo da revista Texto Livre, Educação e Tecnologias, temos seis artigos compartilhados. Elivelton Henrique Gonçalves, Fernanda de Oliveira Costa e Adelma Lúcia de Oliveira Silva Araújo, no texto Formação técnica de professores do ensino médio para uso do tablet educacional: uma pesquisa-ação, buscamcompreender a importância da formação continuada dos professores do Ensino Médio do CESECAugusta Raquel da Silveira, em Lagamar-MG, como uma forma de possibilitar a adoção de novas tecnologias, especificamente o Tablet Educacional, em suas propostas pedagógicas. Maria Carolina Coelho Chimenti e Heloísa Andreia de Matos Lins discutem, em Uma pesquisa-ação no ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças com uso de tecnologias digitais, as contribuições que subsídios pedagógicos à utilização de tecnologias digitais podem trazer no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa, em duas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal em Campinas. Elas chegam à conclusão de que é importante nos dias atuais a aprendizagem na infância de um idioma estrangeiro, num cenário em que possam ser (cri)ativas. Também por reflexões sobre o ensino de língua estrangeira, no texto Contribuições do sociointeracionismo para a aprendizagem de um idioma em plataformas digitais, Renata Santos de Morales, Noeli Reck Maggi, André Luis Marques da Silveira e Juliana Figueiró Ramiro apresentam, a partir de um breve estudo de caso que tem como objeto a plataforma de ensino da Língua Inglesa My English Online, considerações iniciais sobre as possíveis contribuições da teoria sociointeracionista para um melhor desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem. Josiane da Cruz Lima Ribeiro, Ricardo José Rocha Amorim e Rodrigo dos Reis Nunes discutem, em Selfies, emojis, likes: representações voláteis e leituras líquidas na era digital, as funções que códigos de hipermídia têm desempenhado como representações e leituras de si e do outro na era digital, e como a escola tem se portado diante desse novo panorama de tratar a informação e a comunicação voláteis. Com o texto Ética hacker, campos de experimentação e as possibilidades da educação aberta, Ana Carolina Sampaio Coelho coloca em questão os conceitos de “educação aberta” e “educação bancária”, a partir de conceitos tomados de alguns teóricos, como o de “rizoma”, de Deleuze e Guatarri,e “linhas de errância”, de Deligny. Fechando essa trilha, Dayse Garcia Miranda publica o texto Material didático digital: nova forma de o aluno surdo “ler” e “interagir” com os conteúdos educacionais?, pondo em discussão a elaboração de material didático acessível e/ou adaptado a alunos surdos, apoiando-se no argumento de que o contexto educacional contemporâneo é marcado pela diversidade e flexibilidade, como também pela necessidade de atender às diferentes demandas de ordens linguísticas, culturais, sociais e regionais.

Na trilha Software Livre Educacional, este número traz à luz duas importantes contribuições. No primeiro artigo, Software livre na educação: uma experiência em cursos de formação docente, Daniele da Rocha Schneider, Sérgio Roberto Kieling Franco e Paulo Francisco Slomp abordam a utilização de um sistema operacional livre e de softwares livres em um curso de formação inicial de docentes. Para isso, eles questionam e dão dicas para o que chamam “desenvolvimento de fluência tecnológica digital”, ou seja, habilidades contemporâneas, conceitos fundamentais e capacidades intelectuais. Também com discussões no nível do ensino superior, Adauto Lúcio Caetano Villela, em Software livre e de código aberto no ensino de programas de apoio à tradução: Omegat, uma alternativa viável, problematiza os Programas de Apoio à Tradução (PAT), discussão que ele considera essencial a todos os cursos que visem preparar os alunos para o efetivo exercício da profissão, em especial aqueles que atuarão em áreas técnicas, principalmente a de localização. Para isso, ele compara e discute como escolher softwares proprietários gratuitos e softwares livres, como o Omegat, a cada situação de uso.

No eixo Ensino Superior e Tecnologia, Siane Paula de Araújo, Luhan Dias Souza e Maurício Silva Gino buscam refletir, no artigo Linguística cognitiva e produção/avaliação de objetos de aprendizagem em dança, sobre como a Linguística Cognitiva – no que tange à teoria da metáfora conceitual ao conceito de embodiment –auxilia os processos de delineamento, produção e avaliação de um material didático virtual destinado à disciplina Anatomia para o movimento, do curso de Licenciatura em Dança da Escola de Belas Artes, Universidade Federal de Minas Gerais.

Na trilha Resenha, Lígia Cristina Domingos Araújo e Carlos Alexandre Rodrigues de Oliveira apresentam a obra Letramentos na web: gêneros, interação e ensino, de autoria de Júlio César Araújo e Messias Dieb. Os autores da resenha consideram que os quinze artigos propostos são de grande interesse para os estudantes de licenciaturas, professores do Ensino Fundamental e Médio e pesquisadores da área de Linguística Aplicada e, embora sendo uma obra de 2009, os assuntos tratados, e como são abordados, continuam atuais e muito relevantes para a prática docente.

Por fim, na trilha Cadernos do STIS, Elodia Honse Lebourg e Valdete Aparecida Fernandes fecham as discussões deste número com o artigo O copo meio cheio: a rede como um campo de possibilidades de valorização de professores, em queapresentam o projeto rede Professores transformadores.Desde 2015, o projeto busca, digitalmente, troca de conteúdos, de diálogos e de formação entre professores, pedagogos, gestores, estudantes de licenciatura e interessados por uma Educação mais reflexiva e engajada. Os envolvidos na rede buscam refletir sobre possibilidades de superação das adversidades e de alguns dos dilemas da Educação brasileira.

Assim, com essa sucinta apresentação de cada contribuição deste número, esperamos aguçar a curiosidade do leitor e levá-lo a “clicar” sobre os títulos e ler com mais cuidado cada um dos textos que lhe interessar. Desejamos, mais uma vez, uma produtiva leitura a todos!

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniervelin Renata Marques Pereira, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

É doutora em Letras pela USP. É mestre em Linguística Aplicada pela UFMG, graduada em Letras-Licenciatura Português/Francês pela Faculdade de Letras/UFMG. É professora Adjunta da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, no curso Licenciatura em Educação do Campo. Desde 2009, é membro do grupo Texto Livre: Semiótica e Tecnologia, vinculado à Faculdade de Letras/UFMG e financiado pelo CNPq. Coordena o evento online Evidosol/Ciltec-online (Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia online) desde 2010. É editora da revista Texto Livre: Linguagem e Tecnologia (ISSN 1983-3652) e dos Anais do Evidosol/Ciltec-online (ISSN 2317-0239). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística Aplicada, atuando principalmente nos seguintes campos: Semiótica Discursiva, Linguagem e Tecnologia, Educação a Distância, Educação do Campo, Cultura Livre, Leitura e Produção de textos, Editoração de textos e Estilo dos gêneros digitais.

Downloads

Publicado

09-12-2016

Como Citar

PEREIRA, D. R. M. Editorial. Texto Livre, Belo Horizonte-MG, v. 9, n. 2, p. i-iii, 2016. DOI: 10.17851/1983-3652.9.2.i-iii. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16722. Acesso em: 28 mar. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>