Tornando possível o impossível

ideias e soluções performativas em algumas obras percussivas de Iannis Xenakis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.42072

Palavras-chave:

Xenakis, Percussão, Impossível, Okho, Rebonds

Resumo

Este artigo apresenta duas reflexões sobre Rebonds (1987-1989) e Okho (1989), obras emblemáticas de Iannis Xenakis. A perpetuação do mito do impossível como traço poético desse compositor é a principal justificativa para as práticas de simplificação e autoindulgência da comunidade percussiva em suas peças. Rebonds levou a uma reflexão mais direta sobre soluções técnicas para desafios no texto musical: a dupla apojatura (drag) e os rulos nas lâminas de madeira. Em Okho, demonstrou-se o processo dinâmico de busca de timbres no djembé, observando a tensão do que foi chamado de ‘transplante’ de material composicional de uma peça escrita para ser executada com baquetas (Rebonds) para uma executada com mãos livres. Tendo como referências bibliográficas Irlandini (2020), Solomos (1996), Soteriou (2011) e Stasi (2011), o objetivo principal deste artigo é apresentar possibilidades de soluções para performance de trechos de obras para percussão de Xenakis que suscitem a noção de ‘impossível’.

Biografia do Autor

  • Leonardo Labrada, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Goiânia

    Timpanista/percussionista da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, doutorando pela Unesp na área de Análise Musical, foi Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Goiás, trabalhando como assistente de Neil Thomson e responsável pela criação e implementação de projetos didáticos/ pedagógicos e concertos de câmara. É maestro no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), sendo Regente/Diretor Artístico da Banda Sinfônica Nilo Peçanha e é responsável pelas cadeiras de História da Música do século XX, Análise Musical, Harmonia e Contraponto II e Percussão. É integrante do Ensemble ABSTRAI, especializado em obras contemporâneas, com quem realizou concertos na Sala Cecília Meireles em 2018, 2019 e 2022. Foi regente assistente na estréia da ópera Ritos de Perpassagem de Flo Menezes no Theatro São Pedro. Foi regente convidado e percussionista solista da XXIII Bienal de Música Contemporânea Brasileira, no Rio de Janeiro, em 2019. Em 2022 foi o Diretor Musical do Atelier de Composição Lírica do Theatro São Pedro estreando três novas óperas de jovens compositores. Em 2017 foi regente convidado da Orquestra Sinfônica de Goiânia (OSGO) para um concerto de obras barrocas. Atuou como percussionista convidado na Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG) e foi membro do Grupo Impact(o) de Percussão, envolvidos na construção do primeiro conjunto de 6 sixxens do Brasil, instrumento idealizado por Iannis Xenakis para sua obra Pleiades e com quem foi solista no dia 10/12/2017 do primeiro Concerto para Sixxen e Orquestra de Michelle Agnes, com a OFG. Também solou com a OFG na estréia Latino-Americana de Des canyons aux les étoiles.

  • Fernando Chaib, PPGMUS / Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutor em Música/Performance pelo Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, foi bolsista da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal. Concluiu o seu Mestrado também em Música/Performance na mesma universidade e Bacharelado em Percussão pelo Instituto de Artes da UNESP, sendo ex-integrante do Grupo PIAP. É vencedor de prêmios como solista e camerísta em países como Itália, Portugal e Brasil. Recebeu prêmios do Governo Federal (Funarte/Petrobras, MinC) e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e Goiás. Vem atuando como solista diante de orquestras na Europa e no Brasil. Faz direção musical (trilha original) de espetáculos cênicos. Teve arranjos e composições estreados e/ou gravados pelo Grupo Durum Percussão Brasil e Grupo PIAP. Possui CD’s gravados com orquestras (Brasil, Portugal e Taiwan) e importantes grupos de música de câmara do Brasil, realizando vários concertos. Fundou o Grupo Durum Percussão Brasil realizando concertos por países da América do Sul e Europa, além da gravação do CD Dimensões. Fundou e dirigiu o Simantra Grupo de Percussão (Portugal) com o qual venceu prêmios e realizou concertos. É responsável por estreias e primeiras audições em Portugal, Espanha, Venezuela e Brasil de obras de compositores como Stockhausen, Mantovani, Zampronha, López López, Stasi e De Mey. Possui artigos científicos publicados nos principais periódicos dedicados à música no Brasil e em ATAS de congressos no país e exterior. Tem realizado concertos em países como Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Itália, Espanha, Portugal, Uruguai, Chile, Hong-Kong, Macau, Taiwan e Venezuela. Entre 2014 e 2015 foi professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), onde ajudou a desenvolver o Laboratório de Percussão do IFG (LaPe), sendo coordenador do Núcleo de Excelência para o Ensino, Pesquisa e Performance em Percussão do IFG. Atualmente é Coordenador do curso de Percussão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Diretor do Grupo de Percussão da UFMG. www.fernandochaib.com

  • Charles Augusto Braga Leandro, DEMUS / Universidade Federal de Ouro Preto

    Mestre em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (2014). Desde 2015 é professor efetivo de percussão, música de câmara, percepção, contraponto entre outras disciplinas do Departamento de Música da Universidade Federal de Ouro Preto (DEMUS-UFOP). Durante o curso de Mestrado, foi bolsista do Programa CAPES/REUNI, tendo lecionado, em 2013, a disciplina Instrumento Complementar Licenciatura - PERCUSSÃO, no Curso de Graduação da Escola de Música da UFMG. De 2012 a 2014, atuou como monitor do Grupo de Percussão da UFMG. Concluiu o Bacharelado em Música, com habilitação em Percussão, na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), em 2010. Além disso, atuou como professor de percussão no Centro de Formação Artística - CEFART, da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte. De 2009 a 2014 foi professor de percussão no Projeto Guri-Santa Marcelina, em São Paulo. Apresentou-se em diversos estados brasileiros, além de países como EUA, Canadá e Alemanha. Realizou atividades diversificadas como percussionista, tendo atuado em Orquestras como: Filarmônica de Minas Gerais (Belo Horizonte) e Orquestra do Theatro São Pedro (São Paulo). Atuou também em importantes grupos como: Camerata Aberta (de 2010 a 2014); Grupo PIAP (Grupo de Percussão da UNESP de 2006 a 2010); Grupo SONANTE 21 (Grupo de Pesquisa e Performance em Música Contemporânea, de 2012 a 2014); SCHLAG!, grupo de câmara especializado em música, tecnologias sonoras e visuais, (2012-2016). Além disso, atuou juntamente a solistas como Fábio Zanon (violão), Duo Labèque (pianistas Katia e Marielle Labèque) e Shawn Mativetsky (percussão). Desenvolveu diversos projetos ligados a música cênica, executando obras de Eduardo Guimarães Álvares, Mauricio Kagel e Thierry de Mey. Em 2016 fundou o “Grupo de Percussão da UFOP”, do qual é Diretor Artístico. Em 2019 foi solista convidado do grupo Ateliê realizando a estreia da obra Labirinto de Astérion de Levi Oliveira.

Referências

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Publicado

2023-07-19

Edição

Seção

Sessão Temática Iannis Xenakis

Como Citar

“Tornando possível O impossível: Ideias E soluções Performativas Em Algumas Obras Percussivas De Iannis Xenakis ”. 2023. Per Musi, nº 42 (julho): 1-19. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.42072.

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