Os Agentes da Produção do Discurso Expositivo: O Caso do Museu de Zoologia da USP

Autores

DOI:

https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2022u10291056

Palavras-chave:

Discurso Expositivo, Museu de História Natural, Exposição

Resumo

Este artigo discute o processo de produção da exposição do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, explicitando os agentes, discursos e domínios que definiram o que foi selecionado e como isso ocorreu durante a composição da narrativa expositiva. Também apresenta as disputas e as relações de poder envolvidas no processo de elaboração e concepção da exposição. Para tal utilizamos o aporte teórico advindo dos trabalhos de Basil Bernstein, mais precisamente dos conceitos de dispositivo pedagógico e recontextualização elaborados pelo autor. Buscou-se discutir como ocorreu os processos de recontextualização que aconteceram na elaboração da exposição e os agentes e agências que compuseram o campo recontextualizador pedagógico do museu. A produção de dados se deu principalmente a partir de entrevistas com participantes do processo de elaboração e execução da exposição, análise de dados documentais e observação e descrição da exposição. Observou-se que diferentes atores e instâncias da instituição tiveram um papel significativo na composição do discurso expositivo, contudo nem todas tiveram o mesmo poder nesse processo. A relevância dos campos do conhecimento sobre biodiversidade e da comunicação tiveram maior legitimação do que o campo educacional, revelando que a formulação de uma exposição se constitui como um território de disputas.

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Publicado

2022-09-30

Como Citar

Soares, M., Marandino, M., & Selles, S. E. (2022). Os Agentes da Produção do Discurso Expositivo: O Caso do Museu de Zoologia da USP. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, e37697, 1–28. https://doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2022u10291056

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