v. 11 n. 3 (2020): Edição 31 - Temporalidades, Belo Horizonte, Vol. 11, n.3 (set./dez. 2019)
"A ciência na história: construindo e desconstruindo fronteiras"
O define a ciência? Ou quem a define? Nos anos 1980, o sociólogo Thomas F. Gieryn chamou de “trabalho de fronteira” o esforço de cientistas em criar uma imagem pública para a ciência. Analisando controvérsias como o debate evolução-criação no ensino de biologia, o autor demonstrou que raramente tais disputas se apresentam na forma de ciência vs. não-ciência, mas sim como combates para demarcar o próprio território da atividade científica.
A análise continua atual. Enquanto hoje, de um lado, alguns tem se levantado contra o crescimento recente de movimentos “anticiência”, do outro lado, terraplanistas, movimentos antivacina e céticos quanto ao aquecimento global afirmam-se científicos e declaram sua oposição à “falsa” ou “má ciência” produzida por seus adversários. Em outra frente de batalha, perspectivas acadêmicas bem consolidadas na história, sociologia e filosofia da ciência – como, por exemplo, a epistemologia feminista e os estudos decoloniais – impõem uma densa reflexão sobre diversos pressupostos considerados ingênuos da ciência tradicional.
Por meio dessa chamada, convidamos autoras e autores das mais diversas perspectivas teóricas e metodológicas a submeterem trabalhos relacionados às construções e desconstruções históricas das fronteiras da ciência, bem como aos embates, alianças, trânsitos e exílios característicos de tais processos de demarcação.
Privilegiaremos os seguintes eixos temáticos:
Estudos de controvérsia;
Ciência e religião;
Epistemologia feminista;
Epistemologias do Sul;
E demais trabalhos de História e Historiografia da Ciência alinhados ao tema proposto.